“Última oportunidade” para salvar acordo nuclear com o Irão joga-se esta sexta-feira em Viena

O regime iraniano diz estar prestes a superar o limite de enriquecimento de urânio e quer ver acções concretas por parte dos restantes signatários do acordo nuclear.

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O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Javad Zarif, foi um dos visados pelas sanções dos EUA Carlo Allegri / Reuters

Esta sexta-feira será a “última oportunidade” para salvar o acordo sobre o programa nuclear iraniano, avisa o Governo de Teerão. Mas poucos diplomatas e analistas acreditam que o desfecho de uma reunião que está a decorrer em Viena entre diplomatas do Reino Unido, China, França, Alemanha, Rússia e Irão permita desanuviar a tensão entre Teerão e Washington.

Desde que o Presidente Donald Trump anunciou, no ano passado, a saída dos EUA do acordo assinado em 2015 pela Administração Obama com o Irão, que os restantes signatários (China, Rússia, França, Reino Unido e Alemanha) tentam preservá-lo. No entanto, a aplicação de novas sanções por Washington está a deixar a economia iraniana em muito mau estado e Teerão ameaça violar as disposições do acordo e reactivar o programa nuclear.

Os diplomatas que se vão sentar à mesa esta sexta-feira em Viena já garantiram que “as questões nucleares não são negociáveis”. “Nós queremos que eles se mantenham no acordo, mas não aceitamos que nos enganem”, disse à Reuters um diplomata europeu sob anonimato.

Na semana passada, a agência atómica iraniana anunciou estar a alguns dias de exceder os limites de urânio enriquecido acumulado ditados pelo acordo – prevê-se que o valor seja atingido durante o fim-de-semana. Em contrapartida, Teerão pede acções por parte dos restantes signatários para minorar os efeitos do abandono de Washington do acordo.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Mousavi, disse que as conversações de Viena são a “última oportunidade para as partes que restam para se juntarem e verem como podem respeitar os seus compromissos em relação ao Irão”.

A grande preocupação do Irão está relacionada com as relações comerciais com o Ocidente, que é neste momento vital para superar a profunda crise económica no país. “Qual é a nossa exigência? O que queremos é poder vender o nosso petróleo e recuperar o nosso dinheiro”, disse à Reuters um dirigente iraniano, sob anonimato. “Não estamos a pedir aos europeus para investirem no Irão, só queremos vender o nosso petróleo”, acrescentou.

Antes da saída dos EUA do acordo, o Irão estava a exportar 2,5 milhões de barris de crude diariamente, mas este mês a média foi de apenas 300 mil, segundo cálculos do sector.

Os EUA, que com Trump adoptaram uma política muito dura em relação a Teerão, não dão sinais de diminuir a pressão. O enviado da Casa Branca para o Irão, Brian Hook, avisou que “não existem isenções para a venda de petróleo” iraniano. “Penalizaremos quaisquer compras ilícitas de petróleo iraniano”, disse Hook.

Esta semana, Washington impôs sanções ao ayatollah Ali Khamenei, o líder supremo iraniano, e ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Javad Zarif, o principal negociador da parte do Irão do acordo de 2015, como resposta ao abate do drone do Exército norte-americano que sobrevoava o estreito de Ormuz.

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