Prova de Matemática do 9.º ano foi “acessível”, mas isso não quer dizer que resultados sejam bons

Alerta é da Associação de Professores de Matemática, que chama a atenção para o número crescente de alunos que não vão além de 1% na prova final desta disciplina, que é classificada com uma escala de 0 a 100%.

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Mais de 90 mil alunos do 9.º ano realizaram nesta quinta-feira a prova final do 9.º ano Daniel Rocha

Uma prova “adequada, acessível e que está na mesma linha das realizadas nos anos anteriores”. É deste modo que a presidente da Associação de Professores de Matemática (APM), Lurdes Figueiral, avalia a prova final de Matemática realizada nesta quinta-feira por 94.817 alunos do 9.º ano.

Lurdes Figueiral frisa, contudo, que apesar desta ter sido também a apreciação da APM em relação às provas dos últimos anos, “os resultados dos alunos não foram bons”. No ano passado, a média na prova de Matemática ficou-se nos 47% e a percentagem de chumbos foi de 33%. A presidente da APM destaca que para estes maus resultados tem contribuído o aumento do número de alunos que têm 1% ou mesmo 0% na prova. “Isto quer dizer que há alunos que nem sequer tocam na prova”, lamenta Lurdes Figueiral.

Na prova de 2018, por exemplo, 2,5% dos 94.524 alunos que realizaram a prova tiveram 0% e 5,8% não foram além de 1%. No conjunto mais de metade dos alunos tiveram negativa no exame.

Como estes desempenhos “não se devem à especificidade das provas, que se têm mantidas estáveis e com um nível ajustado” para o final do 3.º ciclo, significa então que devem ser lidos “como um sintoma dos problemas no ensino da Matemática no ensino básico”, afirma Lurdes Figueiral.

A presidente da APM indica que o peso crescente de provas com classificações muito baixas começou em 2013/ 2014. “Quem tem responsabilidades deve debruçar-se sobre estes resultados e ver o que significam”, defende, alertando que “há muitos alunos a desistir precocemente da matemática, o que condiciona o seu futuro”. 

Para a Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM), a prova desta quinta-feira foi “muito acessível” e também “não avalia adequadamente o que é prescrito pelo currículo do 3.º ciclo”. “Este caminho poderá implicar que os professores que se esforçam por fazer um trabalho rigoroso comecem a ficarem sujeitos a sérias pressões no sentido de diminuírem a exigência”, alerta a SPM num parecer que divulgou sobre o exame do 9.º ano.

Notícia actualizada às 18h45. Acrescenta posição da SPM.

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