Marisa Matias não comenta acção do PCP que a impediu de presidir ao grupo da esquerda no PE

PCP diz rejeitar “introdução de elementos de descaracterização política ou de ambições sectárias de protagonismo”.

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Marisa Matias mostrou disponibilidade para o cargo Nuno Ferreira Santos

A eurodeputada do Bloco de Esquerda, Marisa Matias, admite que foi candidata à presidência do grupo Esquerda Unitária Europeia no Parlamento Europeu e que a sua candidatura não mereceu consenso. E mais não diz: “Fui candidata, não houve consenso em torno da proposta da minha candidatura, mas não vou comentar outras questões internas. Trabalharemos nesta solução colectiva para dar mais força ao grupo parlamentar e maior projecção ao nosso trabalho”, disse ao PÚBLICO.

Em causa, estava, e está, a escolha do presidente daquele grupo no Parlamento Europeu. Embora não tenha sido sua iniciativa candidatar-se – foi proposta por outra eurodeputada –, Marisa Matias estava disponível para o cargo. O PCP e os comunistas cipriotas opuseram-se e a solução temporária encontrada, que mereceu consenso, passou por haver quatro vice-presidentes, entre os quais a bloquista, o comunista João Ferreira, o dinamarquês Nikolaj Villumsen, da Aliança Vermelha e Verde, e o alemão Martin Schirdewan, do Die Linke – até haver uma solução definitiva, será Martin Schirdewan a assumir a presidência.

O PCP já enviou uma nota à comunicação social na qual explica que “neste processo de auscultação e debate – no qual participam as 19 delegações de 13 países que constituem o grupo – foram apresentadas diferentes propostas” e que “nenhuma” das “relativas à presidência do grupo reuniu o consenso necessário”.

“Uma dessas propostas, relativa à presidência do grupo, veiculada por alguns órgãos de comunicação social em Portugal, demonstrou não ser consensual, como foi manifestado por várias forças políticas, de diferentes países. Ao contrário do que alguns querem fazer crer, é esta, e não outra, a razão que conduziu a que essa e outras propostas não tenham preenchido esta condição essencial no quadro da aplicação dos princípios do grupo”, lê-se no comunicado sobre processo de constituição, “ainda não concluído”, do Grupo Confederal da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Verde Nórdica (GUE/NGL).

Os comunistas portugueses explicam que, “tendo em vista facilitar o processo negocial que decorre”, foi nomeada “uma presidência colectiva, com carácter interino”, integrada pelo Partido Comunista Português, pela Aliança Vermelha e Verde (Dinamarca), pelo Bloco de Esquerda e pela Die Linke (Alemanha), “assumindo esta última força política o papel de ‘presidente em exercício’ do grupo e a sua representação formal junto do Parlamento Europeu”.

O PCP garante ainda que “continuará a intervir neste processo procurando contribuir para uma solução consensual, no quadro do respeito pelos princípios fundamentais de funcionamento do grupo” que considera serem “a sua natureza confederal; a tomada de decisões por consenso; a igualdade entre as suas delegações e o respeito pelas suas diferenças; ou ainda a sua autonomia e identidade própria e distintiva face a outros grupos políticos do Parlamento Europeu e outras estruturas ou espaços de cooperação”.

“Naturalmente, o PCP não aceitará a violação destes princípios ou um qualquer posicionamento ou decisão que seja imposta contra esses mesmos princípios. Como se tem verificado até agora, é na base do respeito mútuo e da cooperação construtiva que se têm de encontrar soluções que melhor sirvam a intervenção distintiva do grupo e não com a introdução de elementos de descaracterização política ou de ambições sectárias de protagonismo”, lê-se ainda.

O nome de Marisa Matias foi proposto pela Esquerda Verde Nórdica, recolhendo depois outros apoios. Porém, como não obteve consenso, foram avançadas outras propostas como dividir o tempo de presidência pelos dois eurodeputados portugueses ou exercerem-na em simultâneo e, depois, passarem a pasta. Mas nenhuma obteve acordo geral, a não ser a para já encontrada e que inclui as quatro forças. O processo, no entanto, continua.

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