Associações criticam abate de árvores em Aveiro

Presidente da câmara diz que todas as operações estão devidamente fundamentadas e preferia que as atenções se virassem para o reordenamento da floresta.

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Adriano Miranda
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A Associação para o Estudo e Defesa do Património Natural e Cultural da Região de Aveiro (ADERAV) e a Associação BioLiving mostram-se preocupadas com o que consideram ser uma “constante delapidação do património arbóreo da cidade” de Aveiro. As duas colectividades emitiram um comunicado conjunto para dar nota da sua preocupação, numa altura em que já se fala na requalificação da Avenida 25 de Abril e numa consequente alteração da estrutura arbórea. Sobre este projecto em particular, Ribau Esteves, presidente da câmara municipal de Aveiro diz que nada está ainda definido. Em relação aos abates de árvores que têm vindo a acontecer na cidade, o autarca assegura que todas as operações estão fundamentadas.

“Não somos uns assassinos de árvores”, declara Ribau Esteves, justificando que “se uma árvore é abatida é porque chegou ao fim da sua sua vida, ou porque tem um problema fitossanitário ou põe em causa a segurança as pessoas”. Nos últimos tempos, têm sido manifestadas várias críticas a operações de abate encetadas pela autarquia – nomeadamente junto ao Tribunal e no Parque da Cidade -, mas o presidente da câmara diz que cada uma delas teve uma razão de ser. Além de que, assegura, “tem havido muito mais plantações do que abates”.

“A única coisa que eu não quero que aconteça é que, um dia destes, alguma árvore caia no momento e para o lado errado”, argumentou Ribau Esteves, recordando os casos ocorridos no Funchal e em Porto Santo – tragédias que provocaram vítimas mortais. 

Relativamente à estrutura arbórea da Avenida 25 de Abril, cujo anunciado projecto de requalificação acabou, assim, por motivar a tomada de posição conjunto das suas associações, os responsáveis pela ADERAV e a Bioliving temem que aquilo que a câmara anuncia como “uma nova estrutura arbórea” constitua “um real abate das dezenas de choupos-brancos que ladeiam a avenida”. “Estes choupos, na sua grande maioria, apresentam uma adequada condição fitossanitária, pelo que o seu abate não faz qualquer sentido do ponto de vista da gestão do risco, pois ainda muitos anos de vida lhes estão reservados”, frisam, em comunicado.

No entender dos responsáveis destas associações, “a eventual substituição destes choupos de grande porte por uma estrutura arbórea com árvores de menor porte [...] é uma tentação fácil se a solução urbanística for, simplesmente, a de ‘aproveitar’ o espaço”. Contudo, garantem, existirão “dezenas de soluções de planeamento urbano que permitirão a conciliação da requalificação com a manutenção deste património de valor incalculável”.

Por ora, a única certeza que o líder da autarquia diz existir é que o projecto de requalificação urbana da Avenida 25 de Abril vai avançar – a sua elaboração foi adjudicada à empresa MPT – Mobilidade e Planeamento do Território, Lda. –, partindo de vários pressupostos. Um deles é o de que “será resolvido o problema do parque arbóreo da avenida”, nomeadamente ao nível das raízes “que já vão entrando dentro das casas das pessoas”. Porém, adverte o edil, só com o projecto é que será “decidido se é para manter algumas das árvores que lá estão ou se saem todas”.

Em resposta às críticas aos vários abates de árvores, o autarca aveirense diz que preferiria ver “todas estas pessoas a ajudar o país ao nível do reordenamento da floresta”. “O estado miserável em que está o parque arbóreo da Reserva Natural das Dunas de São Jacinto e estão agora preocupados com os três pinheiros que tivemos de abater ao lado do Tribunal”, critica.

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