São Francisco vai suspender a venda de cigarros electrónicos

A suspensão tem início em 2020 e vai durar sete meses. Reintrodução dos produtos será avaliada após novas conclusões científicas.

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Consumo de cigarros electrónicos cresce entre os jovens nos EUA EPA/SEBASTIEN NOGIER

A cidade de São Francisco, nos Estados Unidos, aprovou terça-feira a suspensão da venda de cigarros electrónicos em lojas físicas e online durante os primeiros sete meses de 2020. Será a primeira grande cidade norte-americana a adoptar esta medida contra este produto de consumo de tabaco.

London Breed, o presidente da câmara, disse que vai promulgar a lei nos próximos dez dias.​ O objectivo é obter conclusões mais claras sobre os efeitos destes produtos na saúde. A região de Beverly Hills, em Los Angeles, também já adoptou uma medida semelhante, extensível a todos os produtos relacionados com tabaco, diz o site de tecnologia Gizmodo.

A aprovação destas restrições tem causado polémica. É precisamente em São Francisco, no estado da Califórnia, onde está situada a Juul Labs, a maior produtor de cigarros electrónicos dos Estados Unidos. Sabendo que a lei já estava a ser discutida em Março, Kevin Burns, CEO da empresa, publicou no mesmo mês uma opinião no Washington Post a questionar a legitimidade da lei, porque o comércio de cigarros convencionais ainda é permitido, e a lembrar que a medida pode “estimular o mercado negro”. O dono da Juul Labs — empresa que detém 30% da Marlboro — avisou também que o tabaco convencional “está a matar 40 mil californianos por ano”.

A oposição na assembleia municipal, explica a BBC, argumentou que a proibição dos cigarros electrónicos pode encorajar os mais jovens a consumir cigarros convencionais, porque deixam de ter a possibilidade de experimentar a inalação de tabaco com sabores através de vaporizadores (produto da família dos cigarros electrónicos).

A primeira solução prevista por São Francisco é que a agência de saúde norte-americana, a FDA (Food and Drug Administration), avalie os cigarros electrónicos disponíveis no mercado para serem reintroduzidos no comércio em 2021. No entanto, desconhecem-se as exigências da autarquia sobre estes produtos, o que desagrada os profissionais do sector. A FDA também está a investigar desde Abril a possibilidade de os cigarros electrónicos provocarem convulsões, depois de terem sido relatados 35 casos sobretudo em jovens.

A lei americana permite a compra de produtos de tabaco a maiores de 18 anos, mas há estados que só permitem aos 21. O centro de controlo e prevenção de doenças dos EUA revelou que, em 2018, o número de adolescentes a admitir que consumiu nicotina aumentou 36%, a maioria através de cigarros electrónicos.

A comunidade científica admite necessitar de mais conclusões sobre os perigos do consumo de cigarros electrónicos, inventados em 2004, na China. Em Julho do ano passado, a Universidade de Boston concluiu num estudo que os líquidos dos cigarros electrónicos com aromas como cravo e baunilha podem danificar as células dos vasos sanguíneos e do coração, mesmo quando não contém nicotina.

São Francisco tem sido das primeiras regiões a implementar medidas relativas ao consumo de tabaco. Em 1998, a Califórnia tornou-se o primeiro estado norte-americano a restringir o acto de fumar em espaços públicos, lei que foi inicialmente contestada em larga escala pela população.

Em alguns países do mundo, como Qatar, a venda e consumo de tabaco a partir de cigarros electrónicos é totalmente proibida. Noutras nações, a proibição incide-se na venda exclusiva de nicotina.

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