Portugal investiu em ciência mais 168 milhões de euros em 2018

Resultados do Inquérito ao Potencial Científico e Tecnológico Nacional relativos ao ano passado revelam que a despesa total em investigação e desenvolvimento atingiu 1,37% do PIB.

Foto
Pedro Cunha/Arquivo

A despesa total em investigação e desenvolvimento (I&D) em Portugal atingiu em 2018 os níveis absolutos mais elevados de 2009 e 2010, anunciou esta terça-feira o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. O balanço positivo é feito com a divulgação dos resultados do Inquérito ao Potencial Científico e Tecnológico Nacional (IPCTN) onde se conclui que, em 2018, o investimento em ciência cresceu 168 milhões de euros, atingindo 1,37% do produto interno bruto (PIB), sendo que em 2017 foi de 1,33%. O aumento foi mais evidente no sector privado (mais 7,2%), que representa mais de metade da despesa nacional em I&D somando um crescimento da despesa nesta área de 35% desde 2015.

Os resultados do IPCTN, publicados pela Direcção-Geral de Estatísticas de Educação e Ciência (DGEEC), revelam que a despesa total em ciência atingiu em 2018 quase os três mil milhões de euros, mais precisamente 2753, representando 1,37% do PIB.

“Os dados reforçam a tendência de crescimento verificada desde 2016, confirmando o processo de convergência com a Europa”, destaca um comunicado do Ministério da Ciência. O valor de 2018 revela assim um aumento de mais de 6,5% em relação ao ano anterior, o que supera o aumento relativo do PIB, justifica-se ainda. O lento aumento da despesa tem sido registado todos os anos desde 2015, quando atingia 1,24% do PIB, até aos actuais 1,37%.

PÚBLICO -
Aumentar

O comunicado sublinha ainda que o crescimento da despesa em I&D “é particularmente expressivo no sector das empresas, onde cresce 94 milhões de euros em 2018 para somar aos 1304 milhões contabilizados em 2017. No sector privado houve um aumento do investimento em ciência, passando de 0,58% do PIB em 2015 para 0,69% em 2018. “O aumento da despesa privada em I&D reflecte o crescimento do emprego qualificado nas empresas e o esforço do sector privado em acompanhar o desenvolvimento científico e a capacidade tecnológica instalada em Portugal.” 

A despesa em I&D do sector de ensino superior cresceu menos do que o investimento em ciência, ficando por um aumento de cerca de 5%, ou seja, mais 55,4 milhões de euros, continuando a representar 0,57% do PIB tal como registado em 2017.

Mais investigadores

O IPCTN mostra também que o número de investigadores “aumentou para 8,9 em cada mil activos (era 8,6 em 2017 e 8 em 2016), crescendo cerca de 3% nas empresas e a nível nacional”, nota o comunicado do Ministério da Ciência. Ou seja, valores que correspondem a um aumento desde 2015 de 20% a nível nacional e de 35% nas empresas. “Elemento fundamental da estratégia seguida para o desenvolvimento científico e tecnológico em Portugal é o reforço dos recursos humanos em ciência e tecnologia”, sublinha ainda o comunicado, para dar conta de que o número de investigadores na população activa era de 7,4 em cada mil pessoas activas em 2015.

Em valores absolutos este aumento traduz-se num total de “46.538 investigadores medidos em equivalente a tempo integral (ETI), mais cerca de 1600 do que em 2017 (ou seja, um crescimento global de 3,5%)”. E entre 2015 e 2018 registou-se um crescimento de 7866 investigadores em ETI, ou seja, um aumento de 20% nos últimos três anos.

O ensino superior, adianta ainda o inquérito ao potencial científico, inclui 28.628 investigadores em ETI (eram 27.562 em 2016), representando cerca de 62% do total, enquanto o sector privado inclui 16.386 investigadores em ETI (eram 15.898 em 2017), representando 35% do total.

O Governo anunciou desde há pelo menos dois anos o objectivo “exigente, mas realista” de atingir um nível de investimento global em I&D em 2022 de 2,15% do PIB, o que, a concretizar-se, bateria todos os recordes nacionais de despesa com ciência. No final de 2018, a meta anunciada pelo ministro da Ciência, Manuel Heitor, foi reformulada no prazo e total, apontando agora para a possibilidade de chegarmos a 1,7% do PIB em 2019.

O plano mais ambicioso foi, no entanto, apresentado pelo primeiro-ministro António Costa em 2017, que tinha anunciado a intenção de passar dos 1,29% do PIB investidos no ano anterior pelo país em ciência para (pelo menos) 2,7% em 2020. “É uma visão”, comentou na altura Manuel Heitor, justificando que “Portugal não pode ter outra meta a não ser a meta europeia, que todos os países se comprometeram a cumprir há uns anos”. Mais do que uma visão será, ao que vemos agora, uma ilusão.

Esta terça-feira, o ministério também divulgou uma nota de imprensa sobre os dados do Painel Europeu da Inovação 2019, publicado em 17 de Junho pela Comissão Europeia, para destacar alguns progressos de Portugal que surge como o primeiro país do grupo dos “Inovadores Moderados”, a poucas décimas de passar para o grupo dos Inovadores Fortes. Nesta avaliação, o país sai-se particularmente bem no capítulo das pequenas e médias empresas inovadoras e os pontos negativos estão, por exemplo, nas áreas do registo de patentes ou das publicações que resultam de uma parceria entre o sector público e o privado. A nível geral, e apesar de se destacar pela melhoria de desempenho em várias áreas em 2018, Portugal está ainda no grupo de 14 países que se encontra abaixo da média europeia. 

Sugerir correcção
Comentar