Morreu o jornalista e crítico literário Carlos Câmara Leme

Jornalista e crítico literário, com passagem pelo JL, pelo PÚBLICO, pela revista Ler e pela Colóquio/Letras, Carlos Câmara Leme morreu este sábado, em Lisboa. Tinha 62 anos. Estará a partir das 9h30 de segunda-feira na Casa Mortuária de Alfornelos, de onde sairá o funeral, às 16h, para o cemitério dos Olivais.

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Carlos Câmara Leme (à direita), em 2013, durante o lançamento de um livro de Mário Soares, ao centro; à esquerda está Almeida Santos MIGUEL MANSO

O jornalista e crítico literário Carlos Câmara Leme morreu este sábado, ao início da tarde, na sequência de complicações no sistema circulatório, soube o PÚBLICO de fonte familiar. Tinha sido internado na passada terça-feira, de urgência, no Hospital de São José, em Lisboa, na sequência de uma hemorragia. Submetido a delicadas intervenções cirúrgicas, acabou por não resistir.

Nascido em Lisboa, no dia 4 de Fevereiro de 1957, Carlos Câmara Leme licenciou-se em Filosofia pela Universidade Católica Portuguesa, com o trabalho de final de curso “O Tempo na Obra de Eduardo Lourenço: uma aproximação”. Iniciou depois uma carreira no jornalismo, a partir de 1985, primeiro no JL – Jornal de Letras, Artes e Ideias, e depois no PÚBLICO, integrando a equipa com que o jornal foi lançado, em 1990. E aqui, entre muitos outros temas, acompanhou as comemorações dos Descobrimentos Portugueses, as comemorações da Geração de 70 e as polémicas em torno da obra de Fernando Pessoa, em particular as ligadas às várias edições do Livro do Desassossego.

Colaborou, em diversos períodos, na revista Ler, e também na revista Colóquio Letras, da Fundação Calouste Gulbenkian. Em 2104, publicou na Verbo o livro Os Passos em Volta dos Tempos de Eduardo Lourenço, baseado no seu já referido trabalho académico.

No prefácio deste livro, escreveu Eduardo Lourenço: “Ainda hoje me surpreende que um então jovem estudante de Filosofia se tenha lembrado de tomar como tema de trabalho de final de curso as não menos juvenis reflexões sobre o Tempo e seu enigma (...) que alguém, quase tão jovem como ele, tinha tido o atrevimento ou a inconsciência de abordar”. E notando, mais adiante, que para ele “foi o tempo incarnado, o que mal ou bem chamamos História” que “desde jovem e para sempre”, lhe serviu de “figuração real, objectiva, da mítica Esfinge”, Lourenço escreve: “Carlos Câmara Leme compreendeu perfeitamente que era nesse ‘tempo com História’, nós como História, que residia o enigma vivo em que banhamos e, no sentido mais literal e incandescente da palavra, ‘ardemos’.”

Nos últimos anos, o jornalista e crítico colaborava com alguma regularidade na Colóquio Letras, assinando recensões a livros de autores como Fernando Assis Pacheco, Maria Isabel Barreno, Manuel da Silva Ramos, António Mega Ferreira, Paulo Varela Gomes, Bernardo Carvalho, Francisco José Viegas, Rui Cardoso Martins, Patrícia Reis, José Luís Peixoto ou Patrícia Portela.

O corpo de Carlos Câmara Leme estará a partir das 9h30 de segunda-feira na Casa Mortuária de Alfornelos, de onde sairá o funeral, às 16h desse mesmo dia, para o cemitério dos Olivais, onde será cremado.

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