Principal fabricante de componentes da Apple pede à empresa para tirar produção da China

O aumento das taxas a produtos chineses pode levar a Apple a tentar deslocar as fábricas para outros países.

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Foi noticiado que a Apple está a estudar a possibilidade de deixar de produzir na China Reuters/Chance Chan

A guerra comercial entre a administração de Donald Trump, nos EUA, e a China, com o aumento consecutivo de taxas alfandegárias a produtos oriundos de ambos os países, está a preocupar a Apple, que esta semana enviou uma carta aberta à Casa Branca a apelar ao fim do aumento das taxas.

Já esta sexta-feira, o fundador da taiwanesa Foxconn, um dos principais fornecedores da Apple, fez outra proposta: deslocar fábricas de equipamento para fora da China continental. “Estou a apelar à Apple para se mudar para Taiwan”, disse o fundador Terry Gou, durante a sua última reunião como presidente da empresa. “Penso que seja possível.”

A sugestão chega um dia depois de o jornal Wall Street Journal avançar que a empresa americana está a falar com fornecedores para perceber a opinião que têm sobre retirar as suas linhas de montagem da China. 

O pedido de Gou marcou, também, o começo da campanha do executivo à presidência de Taiwan, cujo estatuto representa um dos conflitos mais duradouros do século XX. Apesar de a ilha ser governada de forma autónoma desde 1949, a China não a reconhece como independente.

Embora Gou defenda a independência de Taiwan, fez fortuna com várias fábricas em solo chinês. O baixo custo de empregar milhares de pessoas na China contribuiu para o sucesso da Foxconn, embora as suas fábricas tenham sido alvo de má fama depois de uma série de suicídios polémicos dos trabalhadores em 2010 alertarem para as condições de trabalho (a solução foi contratar psicólogos para dar apoio aos trabalhadores, e colocar redes em redor de muitos edifícios para apanhar corpos em queda). Ao afastar operações da China (por exemplo, ao convencer a Apple a puxar as empresas para a ilha de Taiwan), Gou estaria a tranquilizar eleitores preocupados com os desejos do governo de Pequim unir as duas Chinas.

A Apple também está a apelar aos EUA para não continuar a subir as taxas aos produtos chineses. No começo desta semana, a empresa enviou uma carta aberta à Casa Branca alertando que as empresas chinesas não iriam sair tão prejudicadas como as norte-americanas. “Os produtores chineses com os quais competimos nos mercados globais não têm uma presença significativa no mercado dos EUA e, portanto, não seriam impactados pelo aumento de tarifas dos EUA”, lê-se na carta da Apple.

Donald Trump, além de estar a ponderar novas tarifas sobre as importações chinesas, incluiu há cerca de um mês a gigante chinesa Huawei numa “lista de negra” de empresas com quem os EUA não podem fazer negócios. O caso levou o Google a excluir telemóveis da marca chinesa dos seus programas de distribuição do sistema Android.

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