PSD dividido entre David Justino e Carlos Moedas para Lisboa. Ruas deve liderar lista por Viseu

Presidente da distrital lisboeta remete escolhas para o líder do partido e diz que “não há nomes inquestionáveis”. Fernando Negrão pode voltar a ser indicado por Setúbal e Adão Silva por Bragança

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David Justino preside ao Conselho Estratégico Nacional do PSD Nuno Ferreira Santos

Adivinha-se uma renovação com algum fôlego nas listas de deputados do PSD à Assembleia da República, primeiro porque o actual grupo parlamentar foi escolhido por Pedro Passos Coelho e segundo porque há deputados que estão a sair pelo seu próprio pé, antecipando-se às escolhas e definições de Rui Rio, que, em Maio, fez aprovar uma alteração aos critérios para a escolha de deputados que têm de estar alinhados com a “orientação estratégica da Comissão Política Nacional” e têm de ter uma “cooperação leal e solidária” com a direcção. Paralelamente, têm de ter “disciplina de voto” em assuntos definidos pela direcção nacional.

José Pedro Aguiar-Branco, Luís Campos Ferreira, Paula Teixeira da Cruz e Maurício Marques, ex-presidente da distrital do PSD de Coimbra, estão de saída do Parlamento e esta semana foi a vez de Teresa Morais, ex-ministra da Cultura, Igualdade e Cidadania de Passos Coelho, dizer que não quer ser voltar a ser deputada e fê-lo com estrondo, deixando críticas públicas ao líder do partido.

Quem também vai abandonar a Assembleia da República é Manuel Frexes, que foi cabeça de lista por Castelo Branco em 2015. Logo a seguir às europeias, o deputado anunciou numa carta aos militantes não estar disponível para ser candidato nas eleições legislativas de Outubro porque não aceita nem tolera “a tentativa de julgamentos na praça pública sem qualquer acusação”. Frexes, que se demitiu, entretanto, da distrital o PSD de Castelo Branco, que vai a votos dia 6 de Julho, diz que chegou o momento de sair. ”É altura de renovar. A política tem de ser uma missão onde as pessoas se sintam bem e, no meu caso, não estavam reunidas as condições para continuar. É altura de me dedicar à família”, justificou, em declarações ao PÚBLICO.

Ao fim de sete anos, António Leitão Amaro, vice-presidente da bancada parlamentar, também já anunciou a sua saída do Parlamento, mas, em declarações à Lusa, deixou a promessa de que “não vai abandonar a vida política”.

De regresso ao Parlamento parece estar David Justino, vice-presidente do PSD. Fontes sociais-democratas adiantaram esta semana ao PÚBLICO, que o nome do presidente do Conselho Estratégico Nacional do partido e antigo ministro da Educação pode ser a solução para liderar a lista pelo círculo de Lisboa, embora no partido haja uma corrente que aposta em Carlos Moedas.

Ao PÚBLICO, o presidente da distrital de Lisboa, Pedro Pinto, disse que o processo ainda está a decorrer e que obedece a regras que têm de ser cumpridas. “Não existem nomes inquestionáveis”, atira com a garantia de que não sabe quem vai liderar a lista. E arrisca dizer em tom de graça que se houver um nome fechado,” a única pessoa que o conhece é o presidente do partido”.

E se em relação a Castelo Branco, ninguém arrisca dizer, para já, quem vai encabeçar a lista – a distrital está em processo eleitoral –, no caso de Bragança, o deputado Adão Silva, que chegou a ser apontado para substituir Hugo Soares como líder do grupo parlamentar do PSD, que se demitiu, parece seguro. Em Coimbra, há dois nomes em cima da mesa: Paulo Mota Pinto, presidente da Mesa do Conselho Nacional do PSD, e a deputada Margarida Mano, que liderou o delicado processo da contagem do tempo de carreira dos professores que levou o primeiro-ministro a dizer que se demitia se a proposta para a recuperação do tempo de professores fosse aprovada.

10 concelhias indicam cinco deputados

É provável que Fernando Negrão, actual líder da bancada, possa encabeçar a lista por Setúbal (como aconteceu em 2005 e 2009), um lugar que pertenceu a Maria Luís Albuquerque nas últimas legislativas. Por seu lado, Carlos Coelho, que não conseguiu ser eleito eurodeputado nas legislativas de Maio, tem vindo a ser falado para liderar a lista do PSD pelo círculo eleitoral de Santarém, embora no partido corram informações de que se vai manter por Bruxelas.

Em relação a Viseu, fontes sociais-democratas garantiram ao PÚBLICO que a aposta do partido deverá recair em Fernando Ruas, ex-presidente da câmara durante vários mandatos. As mesmas fontes dizem que Fernando Ruas ficou fora das listas ao Parlamento Europeu com a promessa de voltar à Assembleia da República.

Ao PÚBLICO, o presidente da distrital de Viseu, Pedro Alves, disse que o processo está a “decorrer normalmente e com grande unidade”, mas não falou de nomes. Adiantou que a distrital de Viseu vai reunir-se no dia 29 para encerrar o processo, no âmbito de uma comissão politica alargada. Até lá, as 23 concelhias – Penedono não tem órgãos eleitos – vão indicar dois nomes por secção para depois a distrital remeter para a direcção nacional do PSD.

O Porto deverá ter a sua lista encabeçada pelo líder do partido, Rui Rio, a quem cabe a última palavra na escolha dos cabeças de lista às legislativas. E Aveiro tudo indica que António Topa vai voltar a ser o rosto do partido pelo distrito. Contactado pelo PÚBLICO, o vice-presidente do partido e líder da distrital do PSD de Aveiro, Salvador Malheiro, disse apenas que era “muito cedo” para se falar de listas de deputados.

No caso do Porto há concelhias que já fizeram as suas escolhas. Ao que o PÚBLICO apurou, já há nomes aprovados por algumas concelhias: Cancela Moura e Anabela Simões (Gaia); Miguel Santos e Maria João Magalhães (Valongo); Afonso Oliveira e Carla Barros (Póvoa de Varzim); Germana Rocha e Paulo Diogo Tavares (Gondomar); Aberto Fonseca e Susana Oliveira (Trofa); Luís Vales e Maria José Cerqueira (Marco de Canaveses); Miguel Pereira e Maria Sameiro Mesquita (Vila do Conde); Manuel Mirra e Paula Pinto (Santo Tirso); Simão Ribeiro e Paula Ferreira (Lousada). A concelhia do Porto ainda não se pronunciou.

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