José Manuel Constantino: “Melhores resultados globais do que na primeira edição”

Presidente do Comité Olímpico de Portugal deixa um alerta: “A dicotomia entre Jogos Europeus e Campeonatos Europeus coloca uma interrogação quanto à sustentabilidade deste modelo”.

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Com que expectativas parte a missão portuguesa?
Desejei aos atletas que consigam ‘ir mais além’ e isso traduzir-se-ia em melhores resultados globais. A questão das medalhas é um elemento a levar em linha de conta. Tem relevo na avaliação global, mas até pode haver menos medalhas embora com classificações mais elevadas, posições de finalista e semifinalista.

Vários desportos saíram do programa, incluindo o triatlo e o taekwondo, que deram três medalhas a Portugal em 2015.
Sim, em Minsk haverá menos competições. A avaliação global que gostaríamos de fazer era que os resultados alcançados estiveram ao nível da participação na primeira edição, e se possível superá-los. Mas a saída desses desportos pesará na avaliação que fizermos.

Há lugares de apuramento olímpico em disputa nestes Jogos Europeus. Tem expectativa que alguns atletas portugueses os obtenham?
É possível, mas os apuramentos directos face aos resultados são difíceis. Mas vamos aguardar, não quero criar expectativa nem pressão adicional. Para a generalidade das modalidades será apenas uma etapa para pontuar para Tóquio 2020, mas se não estou em erro no tiro e tiro com arco há apuramentos directos. Mas será complicado que aconteça.

No ano passado houve Campeonatos Europeus em vários desportos. Onde encaixam aqui os Jogos Europeus?
São reflexo do braço-de-ferro entre comités olímpicos europeus e algumas federações europeias que não querem ser incluídas neste modelo. Querem eles próprios ser detentores de uma organização própria, que não se reflecte nos Jogos Europeus, tendo em vista as rendas que podem obter, de bilheteira e direitos de transmissão televisiva. É uma questão estratégica.

É por aí que se explica a saída da natação, por exemplo, do programa dos Jogos Europeus?
Sim, é uma das modalidades muito fortes, com valor de mercado muito alto, que pretende ter autonomia e não quer sobrecarregar o calendário. A dicotomia entre Jogos Europeus e Campeonatos Europeus coloca uma interrogação quanto à sustentabilidade deste modelo. Há críticas aos gastos que estas organizações envolvem e um conjunto de variáveis que têm de ser equacionadas, discutidas e resolvidas. É necessário um equilíbrio entre rendas obtidas com os direitos destes Jogos e o retorno com a utilização do seu produto. Desportos como o atletismo, natação, triatlo, que têm mercado muito forte, vendem-se por si próprios - se me é permitida a imagem, não precisam dos Jogos Europeus para se venderem. Embora o atletismo faça parte do programa dos Jogos Europeus, embora com um modelo competitivo muito próprio. Está com um pé dentro e outro fora.

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