Aboleimado de tão esperto: uma coisa assim, diria O’Neil

Abençoado 10 de junho. Abençoados filhos de Portalegre. Que beleza etérea. “Eles” e “nós” em perfeita união, sem ideologias que são o mal do mundo.

Até hoje desconhecem-se as finalidades das comemorações do 10 de junho. É como diria o saudoso Alexandre O'Neil uma coisa assim. Há pompa. Militares com tanques. Aviões. Um palanque, quem não gosta? Condecorações muitas. Basbaques a granel. Palmas. O Presidente da República e, este ano, João Miguel Tavares que foi a grande novidade.

Para JMT assertivo e didático, Portugal precisa cada vez mais de um 10 de junho feito de pessoas comuns e para pessoas comuns. Que aproxime o “nós” e o “eles”. Uma festa do português anónimo, da arraia-miúda, as pessoas lá em casa, os portugueses debaixo do sol de junho. Que lindo, os portugueses debaixo do sol de junho. Assim, tudo comum…. Tão, tão que JMT prossegue a sua retórica esclarecedora sobre o 10 de junho…” Aquilo que melhor distingue as pessoas não é serem de esquerda ou de direita”. Se são anónimas… é serem comuns, uma espécie de união nacional em que todos sentem o “nós” muito pertinho do “eles”, mas “nós” a pedirmos a “eles” que nos deem algo em que acreditemos, porque “nós” não acreditamos, mas debaixo do sol de junho em Portalegre no dia de Camões tudo é possível, até vencer o desencanto.

Só que o “eles” bem vistas as coisa são sempre os mesmos, mesmo quando mudam de rosto, mas a verdade é que para se chegar a este desencanto alguém do “eles” o provocou… JMT esqueceu-se dos nomes dos que provocaram os pedidos de empréstimo ao exterior…pagando os anónimos as loucuras dos “eles” que governavam. Os corruptos, muitos dos condecorados debaixo do sol de junho, têm nomes, e são quase todos “eles” .

Se cada um disser como disse JMT eu faço a minha parte, se a arraia-miúda fizer a sua parte, tudo rolaria no melhor dos mundos sob o céu de junho. Só que o problema não é esse, exatamente por causa do “eles”, os tais que detêm o poder e mandam no “nós” e tentam que sob o céu de janeiro a dezembro se mantenha essa ignomínia de tudo fazerem para se mantenham a e se reproduzam, esmagando o encanto.

O problema está em pedir que nos dêem, em vez de fazermos acontecer o que temos direito, tal como o fizeram ao longo da História os que não esperaram que lhe dessem o que tinham direito, pois por direito era deles e não de outros.

E se alguém vos perguntar acrescenta JMT “Que achas que és?”, respondam - “Sou um cidadão que faz a sua parte, para que possamos viver num Portugal mais justo e melhor”. Assim. Façam a vossa parte. E “eles”? Qual é a parte deles? No palanque. No 10 de junho. Com aviões a voar e tanques a rolar. Que lindo. E Marcelo a encantar. A condecorar. Tudo unido, sem esquerda, nem direita. Só a realidade como diria o igualmente aboleimado Cavaco que tanto condecorou gente do “eles”, pois aos do “nós” está reservado fazer a sua parte para pagar os desmandos do “eles”, por exemplo no BCP, na CGD, somewhere

O importante é as pessoas terem firmeza de caráter e de princípios, disse JMT. E apesar dessa exigência JMT tem a coragem de pedir a “nós” que “eles” continuem a saga E que cada um faça a sua parte. Abençoado 10 de junho. Abençoados filhos de Portalegre. Que beleza etérea. “Eles” e “nós” em perfeita união, sem ideologias que são o mal do mundo. Tudo em rosa. Sob o sol de junho, antes dos santos populares…Como diria O'Neil uma coisa assim.

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