Comunidades: CDS tenta conquistar território do PSD

Assunção Cristas foi buscar um histórico do PSD-Madeira para encabeçar a candidatura centrista pelo círculo Fora da Europa.

Cristas fez uma visita de uma semana ao Brasil, onde esteve com as comunidades madeirenses
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Cristas fez uma visita de uma semana ao Brasil, onde esteve com as comunidades madeirenses DR
Cristas fez uma visita de uma semana ao Brasil, onde esteve com as comunidades madeirenses
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Cristas fez uma visita de uma semana ao Brasil, onde esteve com as comunidades madeirenses DR
Rui Barreto, líder do CDS-Madeira, com Gonçalo Nuno Santos
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Rui Barreto, líder do CDS-Madeira, com Gonçalo Nuno Santos DR

Na Madeira, chamam-lhe “senhor Comunidades”. Gonçalo Nuno Santos, um histórico do PSD-Madeira, que durante quase três décadas foi director do Centro das Comunidades Madeirenses, aceitou o convite de Assunção Cristas e trocou os sociais-democratas pelo CDS. Nas legislativas de Outubro, vai encabeçar a lista dos centristas pelo círculo de Fora da Europa. É com ele que o CDS pretende entrar num “território” que vota tradicionalmente PSD.

Jardinista convicto e por duas vezes deputado em São Bento pelo PSD, precisamente pelo circulo de Fora da Europa, mas sempre em regime de substituição, Gonçalo Nuno Santos é um profundo conhecedor das comunidades madeirenses radicadas na África do Sul, Venezuela e Brasil. No currículo, conta com a organização de mais de 170 viagens oficiais, em que abriu caminho aos responsáveis políticos e agentes económicos do arquipélago ao coração das comunidades de emigrantes.

Na semana passada fez mais uma, agora levando pela mão Assunção Cristas e Rui Barreto, o líder madeirense do CDS. A visita de uma semana ao Brasil, dividida pelas cidades de Santos, São Paulo e Rio de Janeiro, serviu para apresentar o projecto centrista e abrir o primeiro núcleo do CDS fora da Europa. Fica em Santos e será presidido por Fernando Pereira, um advogado filho de madeirenses que vai em segundo lugar na lista do CDS. Logo atrás de Gonçalo Nuno Santos.

“Sei o caminho que temos de percorrer, porque já o percorri antes, muitas vezes”, resume ao PÚBLICO Gonçalo Nuno Santos, assumindo que o primeiro objectivo é ser eleito. “Absolutamente. Será difícil, claro. Mas que interesse teria se fosse fácil?”

Não será. Nas legislativas de 2015, 2011, 2009, 2005 e 2002 as duas cadeiras reservadas em São Bento para os deputados de Fora da Europa foram sempre ocupadas pelo PSD. Os sociais-democratas têm estruturas montadas que, ao longo de anos, foram construindo raízes nas comunidades. O CDS que recuperar caminho e encetou já contactos para a abertura de núcleos do partido na Venezuela e na África do Sul. Países com importantes comunidades madeirenses e em que Gonçalo Nuno Santos se movimenta bem.

O antigo deputado – esteve na Assembleia da República por alguns períodos na IX e na X legislaturas (2002-2005 e 2005-2009) – foi, durante os anos de Alberto João Jardim, o rosto da ligação entre a ilha e as comunidades espalhadas pelo mundo. Estima-se que entre emigrantes e descendentes, o número de madeirenses fora do país ultrapasse um milhão. “Serão quatro meses de trabalho intenso a apresentar as nossas ideias para as comunidades”, adianta, defendendo a construção de uma verdadeira “diáspora portuguesa”, a exemplo do que acontece com a irlandesa ou a israelita.

“Ainda há um Portugal de dentro e um Portugal de fora. Nós queremos esbater essa diferença, para que todos se sintam portugueses, independentemente da cidade ou do país onde vivam”, explica Gonçalo Nuno Santos, que quer uma rede consular mais próxima dos emigrantes e lusodescendentes.

“Precisamos de pequenos consulados de proximidade, que diminuam a distância e sirvam para apresentar os instrumentos que existem ao nível social, de apoio ao investimento ou de prossecução dos estudos”, aponta o candidato. São, acrescenta Rui Barreto, portugueses de corpo e alma, que têm que ter acesso às mesmas oportunidades que os restantes cidadãos nacionais.

Foi essa mensagem que Assunção Cristas procurou passar no Brasil, seguindo um roteiro em todo idêntico ao que os governantes madeirenses fazem quando visitam as comunidades de emigrantes: reunião na Casa Portuguesa de São Paulo; jantar comemorativo do 10 de Junho no Centro Cultural Português de Santos; uma sardinhada no Clube Português de Niterói.

Foi nessas ocasiões que Cristas defendeu a criação de mais um circulo eleitoral, destinado em exclusivo para os países de língua portuguesa. “Passariam a ser dois deputados para a Europa, dois para Fora da Europa e outros dois para os PALOP. Se possível sem aumentar o número total de deputados, mas actualizando os círculos de acordo com a demografia real de cada distrito”, explica Gonçalo Nuno Santos, que se desvinculou do PSD no início de Abril. “Só tenho gratidão pelo que o PSD construiu em mim, e para o que eu construí no PSD, mas não podia dizer que não a um projecto destes”, justifica o agora independente.

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