BCP já cobra pelas transferências MB Way e não é pouco

Crédito Agrícola também começou a cobrar 26 cêntimos por transferência, bem menos do que os 52 cêntimos e 1,248 euros do Millennium.

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Andreia Carvalho

O Millennium BCP e a Caixa de Crédito Agrícola começaram nesta segunda-feira a cobrar comissões pelas transferências bancárias feitas através do MB Way. Estes dois bancos juntam-se ao BPI e outros se seguirão (o Santander já disse que também o ia fazer), numa estratégia de aumentar receitas e “amarrar” os clientes.

No caso do Millennium BCP, o valor a cobrar por cada transferência realizada através da aplicação (app) criada pela empresa SIBS (gestora do Multibanco) para telemóveis é de 1,248 euros (já com imposto de selo) e de 52 cêntimos aos que utilizarem a aplicação interna, a app Millennium. Ficam isentos de custos os clientes mais jovens (até 23 anos), e os que têm contas Programa Prestige, Programa Prestige Directo, Portugal Prestige, Cliente Frequente ou Millennium Go! (mais de 50% dos clientes, segundo o banco). 

O BPI cobra (desde 1 de Maio) uma comissão elevada (1,248 euros com imposto de selo) por cada transferência feita através da app MB Way. Os clientes que optarem pela app interna estão isentos de custos.

No caso do Crédito Agrícola, o valor a cobrar é de 26 cêntimos por operação, a aplicar sempre que os destinatários da transferência sejam clientes de outros bancos, avançou o Eco. O Crédito Agrícola, que apenas disponibiliza a app da SIBS, também passou a cobrar 26 cêntimos pelas transferência online e pelas realizadas por telefone sem operador, até agora gratuitas.

O MB Way nasceu gratuito, o que contribuiu para uma elevada adesão de clientes, particularmente os mais jovens. Actualmente, os bancos estão a criar as suas próprias aplicações, processo que alguns bancos ainda têm em curso. Depois de concluído esse processo, é expectável que o número de bancos a cobrar aumente.

As app próprias são propositadamente mais limitadas. Ao contrário da MB Way, e em que é possível associar até oito cartões bancários, de várias instituições financeiras, desde que pertençam ao grupo dos bancos aderentes à SIBS, as soluções internas de banco são fechadas, ou seja, aceitam apenas os cartões bancários de cada instituição e já começaram a cobrar pelas transferências. E as comissões são aplicadas independentemente do valor, que em muitos casos é de poucos euros (o limite máximo é de 2500 euros recebidos e enviados por mês). Esta estratégia trava a liberdade de muitos clientes, que, no limite, têm de instalar várias aplicações para “fintar” as comissões ou para pagar menos.

Estas cobranças contrariam a Directiva dos Serviços de Pagamento, cuja adopção está em curso, e que tem como principais objectivos a inovação financeira, a eficiência, a redução de custos e a segurança nos serviços de pagamento.

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