Zen e o privilégio de escolherem quando voltam a tocar

A banda de culto portuense reapareceu para recordar The Privilege Of Making The Wrong Choice.

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Um álbum chegou para os Zen gravarem o seu nome, a letras gordas, no quadro de honra das bandas mais relevantes da história contemporânea da música portuguesa. The Privilege Of Making The Wrong Choice, editado em 1998, marcou uma geração, que, no Porto, de onde são, circulava entre o Comix, em Cedofeita, e a Ribeira do Aniki Bóbó, com paragem pelo café Luso, naquela altura, muito menos glamouroso.

Banda de culto, de uma época em que do underground saíam Ornatos Violeta, Turbojunkie, Primitive Reason, Blasted Mechanism ou mesmo uns Clã, os Zen eram desse leque os que melhor equilibravam o groove com a fúria.

Gon, na voz, é o motor desta locomotiva tripulada por Miguel Barros (baixo), André Hollanda (bateria) e Marco Nunes (guitarra), este último o único que não faz parte da formação original. São raros os momentos em que esta máquina sai à rua. Nos últimos dez anos os dedos de uma mão chegam para contar as vezes que subiram a um palco.

Quando o fazem é seguro dizerem que foi porque escolheram fazê-lo. Escolha feita, tratam de assegurar que esse momento será relevante. Neste sábado houve um desses momentos raros. Os Zen, com a formação original, à excepção da guitarra, sem Jorge Coelho, juntaram-se ao final da tarde num palco montado numa varanda com vista para o Douro para recordarem o álbum que lhes garantiu a imortalidade – em 2004 ainda lançaram Rules, Jewels, Fools, álbum sem Gon na voz, que caiu no esquecimento.

No Passeio das Virtudes, em data que serviu para celebrar o terceiro ano de vida da cerveja Musa, voltou a sentir-se um cheirinho de finais de 90. Gon continua a provar ser um dos maiores frontmans nacionais e o resto da banda continua a justificar todos estes regressos esporádicos, que os fãs mais nostálgicos gostariam que acontecessem mais vezes. André Borges Vieira