Militares da GNR feridos numa operação de fiscalização em Coimbra. Suspeitos em fuga

Automóvel com “dois a três indivíduos” não obedeceu à ordem de dois militares da GNR que “foram atingidos com disparos de arma de fogo”. Associação de profissionais da autoridade critica o Governo.

Foto
GNR fazia operação de fiscalização durante a noite, em Cernache Paulo Pimenta (arquivo)

Dois militares da GNR ficaram feridos na madrugada deste sábado durante uma operação de fiscalização rodoviária na zona de Cernache, distrito de Coimbra, segundo a GNR e o Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Coimbra.

Segundo este CDOS, os dois militares “foram atingidos com disparos de arma de fogo”, considerados “feridos leves”, acrescentando que o alerta foi dado pela 1h10, para uma ocorrência no Itinerário Complementar 2 (IC2), junto ao posto de combustível da Repsol, na freguesia de Cernache.

O comando da GNR explicou à Lusa que apenas um dos militares foi transportado para o hospital “aparentemente ferido com os estilhaços do vidro” da janela da viatura da GNR, atingida pelo disparo do automóvel que desrespeitou a ordem para parar, inverteu a marcha no IC2 e disparou contra a patrulha.

A viatura, com “dois a três indivíduos”, colocou-se depois em fuga.

A GNR acrescentou que o militar ferido está ainda em observação e a realizar exames no hospital.

A investigação, como envolve o uso de arma de fogo, passou para a Polícia Judiciária.

No local estiveram os Bombeiros Voluntários de Condeixa-a-Nova e duas patrulhas da GNR, indicou o CDOS de Coimbra.

Associação diz que agressões estão a aumentar

A Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR) lamentou que o Governo “ainda não tenha considerado” os polícias como uma profissão de risco, sublinhando que cada vez mais os militares da GNR são agredidos em serviço.

“Há cada vez mais agressões e nada se tem feito para considerar a profissão de risco”, disse à agência Lusa o presidente da APG, César Nogueira, a propósito do incidente com dois militares em Cernache.

O presidente da associação socioprofissional mais representativa da Guarda Nacional Republicana adiantou que tem colocado várias vezes a questão dos militares agredidos em serviço ao Ministério da Administração Interna, mas esta profissão “ainda não é considerada pelo Estado como de risco”.

“O ministro da Administração Interna afirma vária vezes que sente um carinho especial pela GNR, mas esse carinho não se sente no trabalho do dia a dia”, disse, dando como exemplo que um militar da GNR recebe menos 100 euros do que um agente da PSP.

Questionado sobre se a APG tem números de quantos militares da GNR foram agredidos nos últimos tempos, César Nogueira disse que a associação não tem esse dados, mas adiantou que foram “bastantes este ano e no ano passado”.

“Há cada vez mais militares da GNR que são agredidos em serviço”, insistiu, sublinhando que este aumento é “consequência do sentimento de impunidade de quem pratica as agressões”.

Penas mais pesadas

O presidente da APG defendeu penas mais pesadas para quem agride um agente de autoridade, salientando que, apesar de ser um crime público, a maioria das vezes tal não é considerado pelos tribunais.

César Nogueira disse também que há outras questões para explicar as agressões aos militares da GNR, como a falta de efectivo.

“Enquanto não houver mais elementos, é diferente fazer uma patrulha constituído por dois elementos do que fazer uma patrulha com quatro militares”, frisou.

O presidente da APG disse também que o caso registado na madrugada de sábado é diferente, uma vez que foi utilizada arma de fogo e a maior parte dos militares da GNR são alvo de agressões físicas.

César Nogueira contou que esta patrulha de dois militares se deslocava para uma operação de trânsito programada pela GNR, mas no percurso teve de fazer a fiscalização a uma viatura.

O presidente da APG disse ainda que os dados da viatura em fuga são conhecidos e que havia três ocupantes.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários