Bolsonaro obrigado a pedir desculpa a deputada por ter dito que ela “não merecia ser violada”

As declarações foram feitas em 2003 e repetidas em 2014. Bolsonaro diz que respeita as mulheres e que são uma “prioridade” do seu Governo, mas o Presidente brasileiro enfrentou vários protestos feministas contra a sua candidatura.

Foto
Reuters/ADRIANO MACHADO

Por ordem dos tribunais, o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, pediu esta sexta-feira desculpas à deputada do Partido dos Trabalhadores a quem disse, em 2003, que “não merecia ser violada”.

“Em razão de determinação judicial, venho pedir desculpas publicamente pelas minhas falas passadas dirigidas à deputada federal Maria do Rosário Nunes. Naquele episódio, no calor do momento, retorqui afirmando que ela ‘não merecia ser violada'”, refere Bolsonaro num comunicado publicado nas redes sociais.

No texto, o chefe de Estado recorda que, nessa altura, tinha sido “injustamente ofendido” pela deputada, que lhe chamou “violador”. O caso ocorreu em 2003, numa discussão entre Jair Bolsonaro, então deputado, e Maria do Rosário Nunes.

Em 2014, Bolsonaro voltou a repetir as declarações, afirmando na Câmara dos Deputados e numa entrevista ao jornal Zero Hora, que a deputada não merecia ser violada por ser “muito feia” e “não fazer” o seu “tipo”.

O Presidente foi condenado a pagar dez mil reais (2300 euros) de indemnização à deputada por danos morais e pode ser alvo de outro processo criminal, que foi para já suspenso pelo Supremo Tribunal Federa já que no Brasil é proibido processar um Presidente por crimes cometidos fora do mandato.

Em Maio deste ano, a Justiça determinou que o valor fosse pago até 15 dias úteis e que Bolsonaro publicasse um comunicado de retratação.

No comunicado, o Presidente manifesta o seu “integral respeito às mulheres”, frisando ter defendido penas mais severas para os condenados por violação, como a castração química.

Bolsonaro acrescenta que no dia da sua tomada de posse, a 1 de Janeiro, “o protagonismo foi feminino, tendo a primeira-dama discursado antes mesmo do Presidente”. “Reitero, portanto, que as mulheres brasileiras constituem uma prioridade de meu Governo, o que tem sido e será sempre demonstrado através de acções concretas”, afirma.

O processo criminal contra Jair Bolsonaro pode ser retomado quando este deixar a presidência do Brasil, o que acontecerá a 1 de Janeiro de 2023, desde que não seja reeleito por um período de mais quatro anos nas presidenciais de 2022. 

Sugerir correcção
Ler 3 comentários