Explosões em dois petroleiros no Golfo de Omã levantam suspeitas de novos ataques

É o segundo incidente semelhante na região, depois de os EUA terem acusado o Irão de estar por trás do ataque a quatro navios no Golfo Pérsico, em Maio. Guterres condenou agressões “inaceitáveis”.

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Explosões no Estreito de Ormuz preocupam as Nações Unidas EPA/IRIB NEWS HANDOUT

Duas explosões em dois petroleiros que navegavam no Golfo de Omã, esta quinta-feira, obrigaram à evacuação das respectivas tripulações e levantaram suspeitas de um novo ataque contra embarcações na região, um mês depois de quatro navios terem sido alvejados no Golfo Pérsico. Os incidentes junto ao importante e estratégico Estreito de Ormuz provocaram a subida imediata do preço do barril de petróleo, em 4%, colocando-o nos 62 dólares (cerca de 55 euros).

Numa reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, António Guterres “condenou firmemente qualquer ataque contra embarcações civis” e exigiu a “clarificação das responsabilidades”. Esta quinta-feira terá lugar uma nova sessão, à porta fechada, naquele organismo da ONU, para se debater o assunto e o estado de tensão elevada na região.

As marinhas norte-americana e iraniana prestaram de imediato auxílio aos dois navios e a segunda regatou 44 pessoas “dos dois petroleiros estrangeiros”, levando-as para o porto iraniano de Jask. As explosões foram comunicadas com cerca de uma hora de diferença.

Os petroleiros em causa são o Front Altair e o Kokuka Courageous. O primeiro tem bandeira das Ilhas Marshall, é operado pela empresa norueguesa Frontline, e transportava etanol do Qatar para Taiwan. Citado pelo Guardian, Wu I-Fang, da petrolífera taiwanesa CPC, diz que há “suspeitas de o navio ter sido atingido por um torpedo”, após a ocorrência de um incêndio a bordo.

Já o Kokuka Courageous, de bandeira panamiana, operado pela companhia Schulte, de Singapura, e detido por uma outra empresa, japonesa, ficou com o casco danificado devido a um “suposto ataque”, de acordo com a empresa, quando fazia a travessia da Arábia Saudita para aquela cidade-Estado asiática transportando metanol.

As explosões surgem um mês depois de um incidente semelhante ter tido lugar na região por onde circula cerca um terço de todo o petróleo comercializado no mundo, que se transformou em mais um capítulo do recente estado de tensão entre Estados Unidos e Irão – com o acordo nuclear iraniano como pano de fundo.

Washington acusou Teerão de ter patrocinado o ataque a quatro embarcações, em Maio, mas os iranianos negaram-no veementemente. Na sequência da agressão, a investigação conduzida pelos Emirados Árabes Unidos, Noruega e Arábia Saudita denunciou a responsabilidade de um “actor estatal”, mas não identificou nenhum país em concreto.

A ligação de um dos navios ao Japão não passou despercebida a Mohammad Javad Zarif, ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, que esta quinta-feira recebeu o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe em Teerão. “Suspeitoso é pouco para descrever o que poderá ter acontecido esta manhã”, lançou o Zarif no Twitter.

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