Surto do ébola chegou ao Uganda com três casos confirmados

Os primeiros casos – três até agora confirmados – do actual surto do ébola na República Democrática do Congo atravessaram a fronteira e entraram no Uganda.

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No centro de tratamento do ébola em Beni, na República Democrtática do Congo, a 30 de Março de 2019 Baz Ratner/Reuters

O Uganda confirmou os primeiros três casos de infecção pelo vírus do ébola durante o surto em curso na República Democrática do Congo – uma criança congolesa de cinco anos que veio a morrer já em território ugandês e outros dois casos de infecção, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

“O jovem paciente morreu na noite passada. Mais duas análises deram positivo. Portanto, temos três casos confirmados”, disse esta quarta-feira a OMS no Twitter citando a ministra da Saúde ugandesa, Jane Ruth Aceng.

A criança, um rapaz, tinha entrado no Uganda a 10 de Junho através do posto fronteiriço de Bwera. A sua família tinha ido à procura de cuidados médicos no hospital de Kagando e a criança foi transferida para a Unidade de Tratamento do Ébola de Bwera. A infecção foi confirmada pelo Instituto de Virologia do Uganda, segundo a OMS, e as pessoas com quem teve contactos estão agora a ser monitorizadas.

O rapaz tinha viajado acompanhado pelo pai ugandês e pela mãe congolesa, que tinha ido à República Democrática do Congo cuidar do seu pai antes de morrer com o vírus do ébola, tinha informado a ministra da Saúde ugandesa em conferência de imprensa. A família regressou depois ao Uganda com outros quatro membros de origem congolesa, disse ainda a ministra.

Todos os membros da família estão agora em isolamento no Hospital de Bwera. Dois deles começaram a apresentar sintomas semelhantes aos provocados pelo vírus do ébola e os resultados das análises vieram confirmar esta quarta-feira as suspeitas. Além disso, oito outras pessoas com quem houve contactos estão agora a ser vigiadas, acrescentou ainda Jane Ruth Aceng.

Desde que esta epidemia começou no Leste da República Democrática do Congo, este país já registou desde 1 de Agosto do ano passado 2062 casos de infecção, incluindo 1390 mortes.

Ao longo dos anos, o Uganda tem sofrido surtos regulares do vírus do ébola e do vírus de Marburgo, causando ambos febres hemorrágicas com taxas levadas de mortalidade. As instalações de saúde para tratar estas doenças no país são relativamente robustas. Graças a doações, foi instalado um laboratório em Entebbe, cidade nas margens do lago Vitória a sul da capital Kampala, que permite ao Uganda confirmar os surtos de forma mais rápida do que muitos dos seus países vizinhos.

Preparando-se para possíveis casos de infecção pelo ébola durante o actual surto em África, o Uganda já vacinou quase 4700 profissionais de saúde, intensificou a monitorização da doença, criou unidades especiais de tratamento e os profissionais da saúde receberam formação para reconhecer os sintomas da infecção, segundo a OMS. O pior surto de ébola no Uganda foi em 2000, quando 425 pessoas foram infectadas. Mais de metade morreu.

O vírus do ébola foi detectado pela primeira vez no mundo em 1976, numa região perto do rio Ébola no então Zaire, actual República Democrática do Congo. O pior surto de sempre ocorreu entre 2013 e 2016, tendo devastado a Serra Leoa, a Guiné-Conacri e a Libéria causado a morte a pelo menos 11.300 pessoas.

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