Marcelo, “o Presidente da distensão, não da pressão”

António Costa preferia cerveja à pressão, mas o recado presidencial acabou por o fazer mudar de ideias.

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Marcelo disse ser o "cultor da distensão" LUSA/ANTÓNIO COTRIM

Os dois Presidentes da República iam à frente, como exige o protocolo, os dois primeiros-ministros vinham atrás. À saída do Palácio do Povo, onde visitaram uma exposição particular de arte africana que Marcelo haveria de dizer que o Estado português devia “acarinhar”, dirigiram-se em passeio para a rua, fechada ao trânsito e com segurança apertada, onde uma pequena moldura humana os esperava.

Entre eles estava Chico Serra, pianista que tocou com Cesária Évora durante 12 anos e com ela fez mais de 120 concertos. Marcelo, que acabara de visitar uma exposição com um espólio “incomensurável” da cantora de morna, estava encantado e desdobrou-se em perguntas: “O que é que mais admirava nela? Ela tinha mau feitio? E era alegre ou triste?” Chico Serra e a mulher iam respondendo: que era uma mulher frontal, dizia o que tinha a dizer, que tinha ajudado muita gente, que era muito alegre.

Sem tirar uma única selfie, o Presidente luso andou de um lado a outro da rua em cumprimentos, ora a portugueses, ora a cabo-verdianos, estes mais entusiasmados com a presença do seu próprio Presidente do que com Marcelo. O calor intenso e abafado acabou por fazê-los entrar no Café Lisboa e pedir duas cervejas. Vieram duas garrafas da cerveja da terra, bem geladas.

Foi então que chegaram os primeiros-ministros e António Costa pediu a sua de pressão. Foi o mote para uma metáfora política à Marcelo: “Eu sou o cultor da distensão, não da pressão”, disse. Costa riu-se e pediu duas iguais às dos Presidentes. “Pronto, desapareceu a pressão”, comentou Marcelo. E brindaram a Portugal e ao Mindelo, pedindo mais uma para o presidente da câmara local.

Vieram também uns pastéis típicos da terra, uma espécie de pastéis de massa tenra que Marcelo foi distribuindo com mais uma graça: “Quem parte e reparte e não fica com a melhor parte ou é tolo ou não é da arte”. Marcelo partiu e repartiu, mas no final quem dançou com a banda na praça foi António Costa.

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