Rui Rio, o indeciso

Outubro aproxima-se. Mas onde é que está a verdadeira alternativa? Marques Mendes disse, e bem, que Rui Rio deve apresentar propostas reais que visem resolver os problemas diários da população, como a diminuição da carga fiscal ou o combate à corrupção.

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Daniel Rocha

Rui Rio já teve melhores dias. Rui Rio anda à procura de alguma coisa, pouco explícita. Procura, procura, mas sem sucesso. Tenta reunir consenso no partido, mas sem êxito. Argumenta, argumenta, e sai ao lado. Mas o que se passa? Onde está o homem que deu tanto à autarquia do Porto? Ninguém sabe. Anda por aí, perdido e indeciso.

Tem tentado com tanta força afirmar-se que chega a incomodar. A indecisão faz parte do presidente social-democrata, não fosse o próprio confessar que, caso não fosse Sá Carneiro, poderia ter ido parar ao PS. Que bela lição para todos os novos militantes do PSD, que no momento da sua filiação irão reflectir sobre qual o melhor partido: aquele a que o Rui Rio preside ou aquele que foi uma possibilidade? Ficarão, certamente, indecisos.

Para trás ficam os tempos em que o PSD, numa das alturas mais delicadas de Portugal, com a troika à espreita e uma dívida monstruosa que crescia de dia para dia, tentava, mesmo assim, apresentar soluções para o país, ainda que estas fossem difíceis de compreender. Nos dias que correm, vejo o PSD de Rui Rio numa tentativa desesperada de angariar votos, ao pedir a pena de três anos para quem mata animais de companhia. Nada contra, porém será esta a melhor maneira de se preparar para as legislativas? Uma estratégia híbrida de ganhar eleitores ao PAN? Talvez seja mesmo esse o objectivo. Ser um partido híbrido ou, por outras palavras, um partido indeciso.

Ainda há uns dias resolveu apresentar mais uma (promissora) proposta. Desta vez, propunha que os votos em branco e os votos nulos deveriam ter representação parlamentar, ou melhor, não deveriam ter, porque no fundo não havia representação. Que confusão. Mas então qual o grande objectivo desses lugares? Achou Rio que o limite seria até às 180 cadeiras e, portanto, existiria a hipótese de 50 cadeiras ficarem vazias. Isto não só levaria a um enorme vazio na Assembleia da República como a uma ainda maior discrepância entre os grandes círculos eleitorais e os mais pequenos. Conclui-se, de uma maneira simplificada, que a proposta dos animais pode fazer sentido, mas no actual contexto político é uma manobra populista. O mesmo não acontece com a proposta das cadeiras vazias, que é apenas populista. Aqui esteve bem Assunção Cristas, que preferiu não compactuar com esta estratégia, afirmando que prefere cingir-se a matérias realmente importantes — como a luta pelos cavalos-marinhos no Tejo.

O primeiro passo, a meu ver, é essencial: afirmar-se como de direita. Sem medos. E, caso não consiga fazê-lo, deve agradecer a Sá Carneiro por tudo, mas fechar a porta do PSD.

Outubro aproxima-se. Mas onde é que está a verdadeira alternativa? Marques Mendes disse, e bem, que Rui Rio deve apresentar propostas reais que visem resolver os problemas diários da população, como a diminuição da carga fiscal ou o combate à corrupção. Não há alternativa, pelo menos até a discussão política continuar neste registo. Enquanto a direita continuar a não apresentar propostas concretas que realmente ponham as pessoas a desacreditar-se das posições da “geringonça” e a olhar para direita como a verdadeira solução, não há a ínfima hipótese de esta vencer as eleições.

Até lá, indeciso estou eu. Indeciso pela quantidade de perguntas que fiz ao longo do texto. Indeciso também por já não saber o que é concretamente o PSD.

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