Companhia Nacional de Bailado vai fazer protesto na China

Trabalhadores da CNB e do Teatro de São Carlos pedem audiência ao primeiro-ministro. Mostram-se indignados com o facto de o presidente do Opart se ter ausentado, para acompanhar a ministra da Cultura na viagem a Pequim, a acompanhar o Festival de Cultura Portuguesa na China.

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Paulo Pimenta

Os bailarinos da Companhia Nacional de Bailado (CNB) vão fazer um protesto esta terça e quarta feiras, em Pequim, na China –​ onde estarão para apresentar espectáculos no âmbito do Festival de Cultura Portuguesa a decorrer nesse país –, de acordo com uma decisão do plenário realizado na quinta-feira. E os trabalhadores desta companhia e do Teatro Nacional de São Carlos (TNSC) vão pedir uma audiência ao primeiro-ministro António Costa, na expectativa de verem atendidas as reivindicações que os levaram às greves iniciadas na sexta-feira, e que irão manter até haver uma resposta por parte dos ministérios da Cultura e das Finanças.

O pedido de intervenção de António Costa, avança o Expresso no seu site, vai ser formalizado pelo sindicato Cena-STE, com o objectivo de se encontrar “uma solução para a harmonização salarial entre os técnicos do S. Carlos e da CNB”. O semanário cita também um comunicado emitido este domingo pelos trabalhadores das duas estruturas do Opart em que estes manifestam o seu “espanto e indignação” ao saberem que o presidente daquele organismo, Carlos Vargas, “num dos momentos mais complexos para o normal funcionamento do único teatro de ópera do país e da única companhia nacional de bailado, tenha optado por integrar a comitiva nacional” que está a acompanhar o Festival de Cultura Portuguesa na China.

De acordo com as conclusões do plenário de quinta-feira, “foi ainda decidido que os bailarinos e técnicos da CNB que nos dias 11 e 12 de Junho irão estar na China em espectáculo, com a presença de representantes estatais, nomeadamente a ministra da Cultura, Graça Fonseca, irão estar em protesto”. Esse protesto, que não põe em causa os espectáculos, irá ser feito “recusando a presença em qualquer iniciativa agendada pelas entidades nacionais e rejeitando qualquer tipo de encontro protocolar com essas entidades antes e depois dos espectáculos”.

A CNB irá apresentar em Pequim o espectáculo Quinze Bailarinos e Tempo Incerto, com direcção, cenários e figurinos de João Penalva e coreografia de Rui Lopes Graça.

No plenário realizado na quinta-feira, os trabalhadores do TNSC e da CNB marcaram greves às apresentações da ópera La Bohème, prevista para a última sexta-feira e sábado, mas também para esta terça-feira e o dia 14 de Junho, no Teatro de São Carlos, em Lisboa, ainda do bailado Dom Quixote, entre 11 e 13 de Julho, no Teatro Rivoli, no Porto, e aos espectáculos incluídos no Festival ao Largo, que decorre habitualmente em Julho, em Lisboa.

Irina Oliveira, do Sindicato dos Trabalhadores do Espectáculo, do Audiovisual e dos Músicos (Cena-STE), disse à Lusa na quinta-feira que, “apesar de os trabalhadores estarem cientes de que houve uma aproximação às exigências por parte do conselho de administração do Organismo de Produção Artística [Opart, que gere as duas estruturas], tem de haver um compromisso por parte do Ministério das Finanças”.

Há um mês, depois de uma reunião do conselho de administração do Opart com os representantes sindicais, os trabalhadores do TNSC e da CNB foram informados de que as matérias relacionadas com salários só entrarão em vigor em 2020.

Notícia actualizada com a referência ao pedido de audiência do sindicato Cena-STE ao primeiro-ministro.

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