De Saint-Denis ao Porto, a Europa pintada de vermelho e verde

Quase três anos depois de ganhar o Euro 2016, Portugal voltou a vencer uma grande competição organizada pela UEFA. No Estádio do Dragão, Gonçalo Guedes fez o golo que garantiu à selecção portuguesa uma merecida conquista da Liga das Nações.

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Gonçalo Guedes LUSA/PAULO NOVAIS

Há dois anos, dez meses e trinta dias, no Stade de France, em Saint-Denis, uma entrada violenta do francês Payet sobre Cristiano Ronaldo parecia ser o princípio do fim de Portugal, logo aos sete minutos de jogo. Sem o seu capitão, a selecção de Fernando Santos resistiu aos super-favoritos franceses e, mais de 100 minutos depois, Éder vestiu a fato de super-herói no Euro 2016. Neste domingo, no Estádio do Dragão, no Porto, o ciclo completou-se com menos drama, mas muita qualidade e justiça. Com um golo de Gonçalo Guedes em cima da hora de jogo e uma exibição tacticamente quase perfeita, Portugal derrotou a Holanda, por 1-0, e juntou o Campeonato Europeu à Liga das Nações.

Jogar em casa é, em teoria, uma vantagem para qualquer um e Fernando Santos tinha motivos q.b. para se sentir confortável com o fato de anfitrião vestido: no currículo de 13 jogos em solo português como seleccionador luso, o técnico, de 64 anos, tinha alguns percalços (empates), mas nenhum KO. O 14.º assalto serviu para Santos reforçar o estatuto de imbatível em casa, aumentar o seu registo de seleccionador português com mais vitórias oficiais (27) e ficar sem mais nada para conquistar a nível de selecções em provas da UEFA.

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O anúncio do “onze” de Portugal confirmou que a vitória da meia-final contra a Suíça não tinha convencido. Ao contrário de Ronald Koeman, que lançou de início os mesmos jogadores que tinham começado o jogo em Guimarães com a Inglaterra, o técnico português trocou três nomes e, principalmente, o modelo de jogo. Para além de Pepe, fora de combate durante as próximas semanas, Santos abdicou de Rúben Neves e João Félix, lançando de início Danilo e Gonçalo Guedes.

Desta forma, Portugal abdicava do incipiente 4x4x2 em losango, que não resultou contra os suíços, e atacava a Holanda em 4x3x3. A alteração táctica deixava Cristiano Ronaldo mais só na frente – Gonçalo Guedes descaia para a esquerda; Bernardo Silva para a direita -, mas dava a Bruno Fernandes a liberdade que o “16” precisa para fazer a diferença. E, ao contrário do que tinha acontecido contra a Suíça, o sportinguista esteve ao seu melhor nível e, principalmente na primeira parte, foi um quebra-cabeças para os holandeses.

O jogo mostrou uma selecção portuguesa que não queria voltar a deixar escapar por entre os dedos mais uma oportunidade única. Os primeiros nove minutos foram praticamente todos “laranja”, mas em apenas dois minutos (9’ e 11’), os primeiros remates de Bruno Fernandes começaram a colocar a Holanda em sentido. Os holandeses tinham mais bola (quase 70% aos 20 minutos), mas na primeira parte Rui Patrício foi apenas mais um mero espectador. Do outro lado, Cillessen estava constantemente a ser colocado à prova, quase sempre por Bruno Fernandes.

Perante as óbvias dificuldades da sua equipa em conseguir contornar a estratégia de Fernando Santos, Koeman trocou ao intervalo Ryan Babel por Quincy Promes. Mas se contra a Inglaterra o jogador do Sevilha revelou-se fundamental para garantir a vitória holandesa, desta vez nem com Promes se viu a “laranja mecânica” que tinha conseguido chegar à final deixando pelo caminho “apenas” três dos principais nomes do futebol europeu: França, Alemanha e Inglaterra.

Numa réplica dos primeiros 45 minutos, a segunda parte começou com mais bola em pés holandeses, mas aos 53’ (José Fonte) e 54’ (Guedes) Portugal voltou a mostrar que estava melhor. Aos 57’, pela primeira vez no jogo, a Holanda criou perigo (Rui Patrício evitou com categoria que um desvio em Rúben Dias entrasse na baliza), mas ao fim de uma hora e após 15 remates, fez-se finalmente justiça no Dragão: Bernardo Silva assistiu Gonçalo Guedes e o avançado do Valência, com gesto técnico perfeito, rematou em potência sem dar hipóteses Cillessen.

Em desvantagem, a Holanda percebeu que a supremacia na percentagem de posse de bola era inútil e aumentou a pressão. O resultado foi uma ocasião de muito perigo - Depay ganhou nas alturas e ajudou Rui Patrício a ser um dos homens na final -, mas com o início do jogo nos bancos – entradas de Rafa, aos 75’, e João Moutinho, aos 80’ -, a “laranja” voltou a perder o sumo. Sabiamente, o duelo já estava novamente amarrado por Fernando Santos.

Desta vez, não houve o sofrimento de Saint-Denis. No Porto, foi tudo muito simples, com uma exibição quase perfeita e um triunfo indiscutivelmente merecido. A história do futebol na Europa voltou a pintar-se de vermelho e verde.

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