Sagrada Família recebe licença oficial de construção depois de 137 anos de espera

A famosa basílica inacabada de Gaudí recebeu oficialmente esta quinta-feira a licença para que as obras de construção tenham um ponto final. O acordo prevê que a entidade responsável pelo monumento terá de contribuir financeiramente para a urbanização, mobilidade e manutenção do meio ambiente em redor da Sagrada Família.

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EVR ENRIC VIVES-RUBIO
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LUSA/Quique Garcia

É oficial: a Sagrada Família, uma das obras mais conhecidas da cidade de Barcelona, recebeu, finalmente, a licença para que as suas obras de construção sejam terminadas, isto 137 anos depois da primeira pedra da basílica ter sido ali colocada. 

A notícia, que já tinha sido avançada no final de 2018 pela autarquia, foi agora confirmada por um comunicado da entidade responsável pelo espaço e publicada no site da Sagrada Família. A nota refere que “a Câmara de Barcelona aprovou na quinta-feira a licença que permitirá à Junta Construtora da Sagrada Família continuar a construir o projecto de Antoni Gaudí”. A licença foi concedida nos últimos dias de mandato de Ada Colau, actual presidente da Câmara de Barcelona, depois de ter sido solicitada há mais de 130 anos.

A junta terá que pagar um total de 4,6 milhões à Câmara de Barcelona, montante que deverá cobrir despesas como impostos de edifícios, instalações e a própria licença para obras. O acordo sobre a basílica define que as obras não poderão ultrapassar um máximo de 172 metros de altura, nem os mais de 53 mil metros quadrados já existentes e deverão também ficar circunscritas aos dois pisos e cave que já existem.

Segundo o site da Sagrada Família, “a regularização da licença de obras é o resultado de um trabalho conjunto entre a Câmara Municipal e a Sagrada Família, entidades que colaboraram de forma próxima nos últimos dois anos”. A nota refere ainda que em Outubro do ano passado, as duas instituições assinaram um acordo para regularizar a licença e contribuir financeiramente para a urbanização, mobilidade e manutenção do meio ambiente em redor do monumento, com a melhoria dos acessos ao metro, a reurbanização algumas ruas que rodeia a igreja e a contratação serviços de limpeza e segurança. 

Em declarações ao El País, a vereadora do urbanismo da cidade de Barcelona, Janet Sanz, mostrou-se feliz por ter completado um dos objectivos mais importantes da legislatura: “Acabar com uma anomalia histórica na nossa cidade”.

O acordo entre o consórcio e a câmara (que já tinha sido divulgado) é o resultado de negociações que decorrem desde Outubro de 2018: a basílica pagará uma quantia de 36 milhões de euros ao longo de dez anos para compensar os custos que gerou para a cidade. Da sua parte, a câmara aprovou um plano urbanístico especial para a conclusão trabalhos.

Sanz explicou ainda que o consórcio a cargo da Sagrada Família terá que arcar com as despesas do acordo como um todo e não em partes e “sem nenhum privilégio”, sendo que o Instituto Municipal de Finanças vai ainda determina a forma de pagamento.

A basílica da Sagrada Família começou a ser construída em 1882. Com um estilo neogótico desenhado pelo arquitecto Francisco de Paula del Villar y Lorazo, Gaudí avançou com o seu olhar único para o projecto depois de Francisco se ter reformado. A igreja rapidamente se tornou a obra-prima do artista catalão. Gaudí supervisionou as obras entre 1882 e Junho de 1926, data em que foi atropelado por um eléctrico. Morreu três dias depois e foi sepultado na capela da Sagrada Família. As obras nunca chegaram a ser concluídas, apesar de continuarem a decorrer aos poucos e de já se ter passado quase um século desde a morte do artista.

É, até hoje, um dos monumentos turísticos mais concorridos em Espanha, com 4,5 milhões de visitas anuais ao seu interior e cerca de 20 milhões que a admiram de fora. Segundo o que retrata o El País, o aumento do número de visitantes tem vindo a alterar o espaço público envolvente e a rede de transportes é cada vez mais afectada. Em 2013, o arquitecto responsável por completar projecto de Gaudí dizia que, se o ritmo continuasse assim, o projecto estará mesmo pronto em 2026.

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