Michael Gove, candidato a substituir May, confessou ter usado cocaína

A revelação não causou escândalo nem entre os conservadores nem entre a oposição. Gove continua a ser um dos favoritos na corrida à liderança dos tories.

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Michael Gove é um dos favoritos à sucessão de May ANDY RAIN/EPA

O actual ministro do Ambiente britânico Michael Gove, um dos principais candidatos à sucessão de Theresa May na liderança do Partido Conservador e no cargo de primeiro-ministro, confessou ter usado cocaína, “há 20 anos, em várias ocasiões”, disse ao Daily Mail. “Na altura era um jovem jornalista. Foi um erro. Olho para trás e penso que não o devia ter feito.”

No entanto, não faz a confissão para anunciar que vai bater em retirada da corrida, como um olhar apressado poderia julgar. “Não acredito que se deva ser desqualificado por erros do passado”, sublinhou. 

O também ex-ministro da Justiça e da Educação britânico, que está em terceiro lugar nas previsões de quem será o favorito dos militantes para substituir May - a seguir a Boris Johnson e ao actual ministro dos Negócios Estrangeiros, Jeremy Hunt - assumiu publicamente os seus “erros do passado” porque vai ser publicada em breve uma sua biografia em que este consumo é revelado: Michael Gove: A Man in a Hurry, do jornalista Owen Bennet. Na verdade, o segredo já era de Polichinelo: Gove tinha-o confessado em 2016, no seio do partido, quando se candidatou pela primeira vez à liderança dos tories, ultrapassando Boris Johnson depois do referendo do “Brexit”.

No entanto, ele não é o primeiro político conservador a assumir algum passado de consumo de drogas - embora nenhum revele ter uma história complicada com estupefacientes, falam sempre de consumos episódicos. 

Boris Johnson, o favorito na corrida, contou em 2005, num programa de televisão, que achava que lhe tinham dado uma vez cocaína, recorda o Guardian. “Mas espirrei, por isso não me subiu pelo nariz. Até podia estar a inalar açúcar em pó”, disse. Mas anos depois confirmou que já tinha fumado “droga” e consumido cocaína, quando era adolescente.

Dominic Raab, outro candidato à liderança dos conservadores, e ex-ministro de May para o “Brexit”, admitiu ter fumado cannabis quando era estudante. E considerou que a revelação de Gove não deve ter qualquer impacto na sua candidatura. “Não estou a vê-lo a desistir. E admiro a sua honestidade”, afirmou.

Jeremy Corbyn, o líder dos Trabalhistas, não ficou chocado nem aproveitou a confissão de Gove para marcar pontos. “Bem, se ele decidiu contar-nos como era no passado, isso é lá da sua vida. As pessoas devem continuar em frente. Mas sinceramente não me interessa nada o comportamento de Michael Gove, tanto hoje como passado”, afirmou, quando lhe pediram um comentário.

E quando lhe perguntaram se não quereria confessar o consumo de alguma droga, Corbyn manteve-se fleumático. “Não, tive uma vida muito normal.”

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