Jornalista de investigação detido em Moscovo sob suspeita de tráfico de droga

Ivan Golunov era conhecido por expor casos de corrupção próximos do poder local da capital russa. Advogado diz que suspeitas são infundadas.

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Ivan Golunov, de 36 anos, foi detido quando estava a dirigir-se para um encontro com uma fonte Facebook

A polícia russa deteve um jornalista de investigação conhecido pela revelação de casos de corrupção, sob suspeita de tráfico de droga. O advogado do jornalista rejeita as acusações e diz que o seu cliente foi vítima de uma armadilha.

Ivan Golunov, de 36 anos, foi detido no centro de Moscovo na quinta-feira, quando estava a caminho de um encontro com uma fonte. A polícia diz ter encontrado drogas na mala que o jornalista trazia consigo.

Buscas posteriores feitas pela polícia no apartamento de Golunov encontraram mais drogas, que não foram identificadas, e balanças que seriam usadas para montar uma operação de tráfico. Foi aberta uma investigação formal e caso seja condenado, Golunov poderá enfrentar uma pena entre dez e vinte anos de prisão.

O advogado do jornalista, Dmitri Diulai, acusou a polícia de ter colocado as drogas na mala e no apartamento, e de não ter sequer tirado as impressões digitais do seu cliente para comparar com as que foram encontradas nos produtos encontrados. Golunov também foi agredido pela polícia, afirmou Diulai, que pediu para que fossem feitos exames médicos para documentar as agressões. O pedido foi rejeitado pela polícia.

Golunov trabalha para o site Meduza, sedeado na Letónia, onde expôs vários casos de corrupção na capital russa. Um dos seus trabalhos, publicado em Janeiro, mostrava como os familiares vice-presidente da Câmara Municipal de Moscovo, Piotr Biriukov, enriqueceram através de contratos públicos realizados com a autarquia.

Num comunicado, a CEO do site, Galina Timchenko, e o director, Ivan Kolpakov, dizem estar convencidos da inocência de Golunov. “Temos razões para acreditar que ele foi visado por causa do seu trabalho como jornalista”, afirmam, acrescentando que Golunov recebeu ameaças nos últimos meses.

O presidente da Câmara de Moscovo, Serguei Sobianin, pediu ao chefe da polícia local, Oleg Baranov, para liderar pessoalmente a investigação ao caso e para o tratar “da forma mais objectiva possível”, segundo a agência Interfax.

As condições para o exercício do jornalismo independente na Rússia têm-se degradado nos últimos anos, com o encerramento de vários sites, rádios e televisões. O ranking de liberdade de imprensa da organização Repórteres Sem Fronteiras coloca o país no 149.º lugar, num total de 180.

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