Susana Gateira: inspirada pelo saber-fazer da família, criou uma marca de fitness

Apaixonada por desporto, a designer ilhavense dedica-se, há mais de 20 anos, a imprimir uma boa dose de estilo no vestuário desportivo.

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Os vídeos de Jane Fonda inspiraram, no início dos anos 1980, milhares de pessoas por esse mundo fora – não é por acaso que, ainda hoje, a actriz é considerada uma referência no que toca à história do fitness e do seu vestuário. A aeróbica virou moda, um pouco por toda a parte, ditando o uso de uma nova indumentária no ginásio: as roupas coladas ao corpo tinham vindo para ficar. Atenta a todo este movimento, e sendo ela própria uma amante do fitness, Susana Gateira começou a desenvolver, em 1991, as suas primeiras experiências na criação de vestuário para ginástica. Em 1997, criou a marca epónima e, com a ajuda do irmão, Rui Gateira, tem vindo a insistir nesse propósito de colocar os consumidores a praticar desporto com estilo.

Nascida e criada no seio de uma família que já tinha uma pequena unidade de confecções de fatos de treino, a designer ilhavense, de 51 anos, confessa ter sido impulsionada pela constatação de que, nessa época, “só havia a típica calça de fato de treino e a T-shirt” para praticar desporto. Contrariando os conselhos da mãe – que preferia vê-la afastada do desgaste da sua própria profissão –, Susana Gateira agarrou-se à máquina de costura e começou a criar peças de roupa de fitness mais femininas, “com estilo e design”. Desde então, nunca mais parou – passando a produzir, também, roupa masculina. Já lá vão 22 anos, uns bons milhares de peças e umas quantas colecções.

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Actualmente, a marca conta com nove lojas físicas (Aveiro, Coimbra, Porto, Braga, Famalicão, Leiria, Lisboa, Setúbal e Viseu) e uma plataforma de vendas online, mantendo os princípios de sempre: a aposta em “matérias-primas de qualidade superior”, um “design atractivo e moderno” e uma “confecção cuidada”. Susana Gateira não larga a máquina de costura, especialmente no que toca a criar os “protótipos”. “Eu costuro cada um dos protótipos e uso-os”, afiança a criadora, que gosta de testar os materiais e as costuras de cada peça que, depois, irá lançar no mercado. “Andámos um ano e meio a estudar um top com pad [almofada], porque queríamos que ele parece o mais natural possível”, exemplifica, por seu turno, Rui Gateira.

A ameaça das grandes cadeias de roupa

Susana e Rui Gateira não têm pruridos em reconhecer que a marca tem estado sujeita a vários desafios, nos últimos anos. Como se não bastasse a “redução do poder de compra dos portugueses”, esta e outras marcas de roupa de desporto têm sido confrontadas com a ameaça das grandes cadeias. “Quase todas as marcas de roupa têm, agora, uma linha de fitness”, repara a estilista ilhavense. E se é verdade que parte dos consumidores pode escolher na hora de comprar, a maioria não estará em condições de o fazer. Resultado? “Há pessoas que acabam por comprar T-shirts ou outra roupa com uma qualidade inferior”, aponta Rui Gateira, dando o exemplo das “T-shirts que são oferecidas nas provas de corridas” que vão acontecendo um pouco por todo o país. “São feitas com um tecido de pouca qualidade, que deixa até alguns homens com os mamilos em sangue”, adverte.

No ateliê da marca, sediado em Ílhavo, só entram “matérias-primas de qualidade” – nacionais, europeias e brasileiras –, que, por mais “selos” de garantia que possam trazer, são sujeitas a uma avaliação inicial implacável. “Se um tecido não me agradar ao toque nem sequer entra”, afiança Susana Gateira.

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No total, a marca – à qual se juntou também como sócio o actor Alexandre Silva –, emprega 21 pessoas. No passado, chegaram a ser mais de 40. As alterações no mercado obrigaram a empresa a redimensionar-se e a concentrar esforços no segmento de clientes que consegue perceber (e pagar) “a diferença entre uma peça de roupa Susana Gateira e outra qualquer”, destaca a designer. O futuro também irá passar por aí, cumprindo o desafio “estar sempre a fazer coisas diferentes, de qualidade, sem correr atrás do preço”, vinca, por seu turno, Rui Gateira. Acima de tudo, “a criar peças para quem pratica desporto por gosto e não por obrigação”, conclui.

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