Luís Filipe Vieira diz que Benfica foi “vítima de vários crimes”

Advogado do FC Porto no caso dos emails admitiu que se o recurso na Relação não agradar ao clube, este apresentará queixa contra o Estado português.

Foto
Luís Filipe Vieira diz que a decisão do tribunal não deixa dúvidas Rui Gaudêncio (arquivo)

O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, saudou a decisão judicial desta sexta-feira que condenou o FC Porto a pagar aos “encarnados” cerca de dois milhões de euros pela divulgação de emails do clube da Luz.

“Hoje mesmo ficámos a conhecer a exemplar condenação da conduta ilícita do Futebol Clube do Porto e de alguns dos seus colaboradores por sentença da Justiça. No âmbito dos processos por divulgação criminosa da nossa correspondência privada, já não é a primeira vez que os tribunais nos dão razão”, lançou o líder das “águias” durante a assembleia-geral do clube.

Vieira destacou que “estando em investigação todo o processo do roubo, foi assim já dada como provada, mais uma vez, a existência de uma divulgação ilícita, mas também a manipulação e deturpação do conteúdo dos emails”.

E realçou: “Hoje, já ninguém duvida de que fomos vítimas de vários crimes de enorme gravidade.”

Segundo o dirigente, que apelou à moderação nas palavras e à acção vigorosa nos tribunais, “o tempo agora é da justiça”, mostrando-se confiante de que vai “prevalecer a verdade” no final dos processos em curso.

“O que verdadeiramente esteve em causa é que, face à inexistência de uma estratégia própria, de uma organização e planeamento, perante o descalabro financeiro, à ausência de resultados desportivos e a um modelo de gestão que parou no tempo, esta foi a estratégia encontrada para criar um permanente ambiente de ameaça e coação sobre os diversos agentes desportivos, agora inovando para os novos modelos da criminalidade digital”, atirou Vieira.

FC Porto admite fazer queixa contra o Estado

O FC Porto, para além de ter reagido após a decisão do Tribunal da Comarca do Porto, admitiu que poderá fazer queixa contra o Estado sobre a condenação de que foi alvo. O emblema considera que “vários direitos” foram postos em causa.

Nuno Brandão, advogado do clube neste processo, referiu ao Porto Canal que “o FC Porto não deixará de interpor recurso para o Tribunal da Relação e, se necessário for, para o Supremo Tribunal de Justiça. Essa é uma via em aberto e que será usada pelo FC Porto”.

Brandão também relembrou que “é também certo que, caso o sistema judicial conclua num sentido similar ao que hoje [esta sexta-feira] foi decidido, que é ainda uma decisão provisória, mas se vier a ser tomada uma decisão definitiva que vá ao encontro desta que foi tomada haverá, da parte do FC Porto, a possibilidade de apresentar uma queixa contra o Estado português porque nos parece que há aqui uma violação de vários direitos basilares que são aplicáveis ao Estado e que não podem justificar uma condenação desta natureza”.

O juiz José António Rodrigues da Cunha deu esta sexta-feira a conhecer a sentença que condena o FC Porto em cerca de dois milhões de euros (ME) pela divulgação dos emails do Benfica.

No processo movido pela SAD do Benfica, que reclamava 17,7 milhões de indemnização, foram condenados o FC Porto, a SAD ‘azul e branca’ e o director de comunicação do FC Porto, Francisco J. Marques, ao pagamento de 523 mil euros por danos patrimoniais emergentes e 1,4 ME por danos não emergentes, pela divulgação da correspondência, enquanto o presidente do clube, Pinto da Costa, os administradores dos “dragões” Fernando Gomes e Adelino Caldeira e a empresa Avenida dos Aliados, detentora do Porto Canal, foram absolvidos.

Sugerir correcção
Ler 4 comentários