Rui Rio: “Não sou hipócrita ao ponto de dizer que a culpa é toda minha”

O social-democrata diz que a visão que tem sobre a “crise no regime” não está muito longe da de Marcelo.

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Marcelo recebeu nesta manhã uma delegação do PSD LUSA/TIAGO PETINGA

O presidente do PSD, Rui Rio, admitiu nesta quinta-feira ter também uma parte da responsabilidade pelo resultado que o PSD teve nas eleições europeias e que ficou aquém dos objectivos. Mas continua a não a assumir na totalidade: “É evidente que, se sou líder do partido, e o partido vai a eleições e tem um dado resultado bom ou mau, eu tenho quota-parte de responsabilidade grande. Isso é evidente. Só se eu tivesse perdido o juízo é que não dizia uma coisa destas, como é lógico. Agora, também não sou hipócrita ao ponto de dizer que a culpa é toda minha. Fica bem dizer, mas não é. É repartida. E a minha também lá está, como é lógico.”

O social-democrata falava aos jornalistas depois de ter estado reunido com o Presidente da República, em Belém, onde o tema da crise da direita foi abordado. Para Rui Rio, a crise não é exclusiva da direita, mas do regime. Visão essa, afirmou o social-democrata, que não está muito longe daquela que lhe terá sido transmitida por Marcelo Rebelo de Sousa: “Aquilo que é a nossa leitura também não é assim tão distante daquilo que é a leitura do Presidente da República. Se nós dissermos que há uma crise na direita, ponto, essa não é a minha leitura, mas também não é exactamente isso que ouvi o Presidente dizer”, afirmou Rio, explicando de seguida que a crise é mais “vasta”, é do “regime”, do “sistema político”, inclui direita, esquerda e até o sistema de justiça.

Rui Rio, que não se arrepende de ter escolhido Paulo Rangel para cabeça de lista às europeias, admitiu que o resultado alcançado pelo PSD não foi “bom” nem “positivo”, mas fez questão de frisar que não foi só a direita a ser penalizada nas urnas: “Uma coisa são os resultados e a aritmética, outra são as dinâmicas. É uma coisa diferente. Gerou-se uma dinâmica em cima do resultado, parecendo que o PS teve um grande resultado”, começou por dizer o líder social-democrata, frisando que o resultado dos socialistas também não foi bom e que também a esquerda “diminuiu a sua distância relativamente à direita”.

“Não quero dizer com isto que o resultado foi bom para o PSD, não foi bom para o PSD. Mas uma coisa é não ser bom para o PSD, outra é fazer da vitória do PS uma grande vitória. Não foi uma grande vitória. 33% não é uma grande vitória. É também uma vitória por poucochinho. Agora, naturalmente que o líder do PSD, que não teve um bom resultado, não está na melhor condição para dizer isto que estou a dizer agora”, afirmou.

No fim do encontro com Marcelo Rebelo de Sousa, no qual Rui Rio abordou o tema da “degradação” dos serviços públicos, o social-democrata defendeu ainda, em declarações à comunicação social, que o país “precisa de reformas estruturais” e que, “quanto mais difíceis, maiores têm de ser as maiorias em torno dessas mesmas reformas”. 

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