Justiça alemã condena a prisão perpétua enfermeiro que matou 85 pacientes

Niels Högel administrava medicação para provocar ataques cardíacos nos seus doentes e os reanimar posteriormente. É o maior serial killer do pós-guerra alemão.

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Niels Högel foi condenado à pena máxima EPA/FOCKE STRANGMANN

O tribunal distrital de Oldenburg, na Alemanha, decidiu aplicar esta quinta-feira a mais grave condenação prevista no código penal a um enfermeiro que já é considerado o maior serial killer da História moderna alemã. Niels Högel foi condenado a prisão perpétua pelo assassínio de 85 pacientes, durante os seis anos que trabalhou em duas clínicas no Norte do país. O condenado foi responsabilizado pela administração de medicação indevida a centenas de doentes, para lhes provocar paragens cardíacas e os reanimar logo de seguida.

Högel já tinha sido condenado anteriormente por crimes semelhantes, mas a verdadeira extensão da sua actuação só foi conhecida por causa da mais recente investigação. A polícia alemã reabriu o processo, depois de falar com familiares das vítimas e com antigos colegas do enfermeiro. Exumou e examinou mais de 130 cadáveres na Alemanha, mas também na Polónia e na Turquia. E passou a pente fino todos os registos das clínicas e hospitais onde Högel trabalhou, de forma a sustentar as suspeitas, que apontavam para mais de uma centena de homicídios.

Os crimes em causa reportam-se ao período entre 2000 e 2005, durante o qual Högel trabalhou em duas clínicas, uma em Delmenhorst e outra em Oldenburg. 

Segundo um ex-colega, o enfermeiro de 42 anos gostava de gabar as suas competências na execução de reanimações cardiorrespiratórias. Em declarações ao jornal Bild, citadas pela BBC, revelou mesmo que o condenado tinha a alcunha de “Rambo da Ressuscitação”, pela forma como “afastava toda a gente da frente”, quando era necessário proceder a esse tipo de manobras.

Högel confessou “apenas” 43 das 100 mortes que constavam na acusação e pediu um “perdão sincero a todos e a cada um” dos familiares das vítimas pelos seus “actos horríveis” e “por tudo que [fez] durante anos”. Os advogados das vítimas desvalorizaram, no entanto, o pedido de desculpas, argumentado que só teve lugar para “ganhar pontos” junto da Justiça.

O juiz Sebastian Buehrmann, do tribunal distrital de Oldenburg, descreveu a actuação do enfermeiro como “incompreensível” e explicou que, dado o “grau elevado de culpa”, justifica-se a exclusão da possibilidade, prevista na legislação alemã, de os condenados solicitarem que lhes seja concedida liberdade condicional ao fim de 15 anos de cumprimento da pena e mediante bom comportamento.

“A mente humana tem dificuldades em compreender a verdadeira dimensão destes crimes”, disse Buehrmann durante a leitura da sentença, esta quinta-feira, segundo a revista Der Spiegel.

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