A nova Holanda de Koeman face à poderosa Inglaterra de Southgate

Holandeses e ingleses decidem em Guimarães quem estará na final do Dragão para defrontar Portugal.

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Gareth Southgate, seleccionador da Inglaterra Reuters/CARL RECINE

Depois da derrota (1-0) frente a Inglaterra, em jogo de cariz amigável que assinalou a estreia de Ronald Koeman no comando técnico da Holanda, há menos de 15 meses, a Liga das Nações oferece, esta noite (19h45, SP-TV), em Guimarães, a possibilidade de redenção ao antigo defesa do Barcelona.

“A Inglaterra tem grandes talentos, jogadores muito fortes e variadíssimas opções. Não é por acaso que são quartos do ranking da FIFA”, elogiou Koeman na antevisão da segunda meia-final, avisando que a Holanda se aproximou do nível inglês desde o último confronto, em Março de 2018. Tudo sem precisar de referir as finais da Liga Europa e da Champions exclusivamente inglesas, o que pode ser visto como factor penalizador para a selecção de Gareth Southgate, que se apresenta com um conjunto sobrecarregado de jogos e  com Jordan Henderson condicionado.

Koeman, que, pelo caminho, sem grande alarido, antes de regressar a solo português — onde treinou o Benfica em 2005/06 — para discutir a final a quatro da Liga das Nações, ainda “atropelou” o campeão europeu (3-0) em Genebra, no segundo particular, apenas três dias depois do primeiro jogo como seleccionador nacional. E, enquanto tenta reinventar e libertar a “laranja mecânica” do pesadelo que a deixou de fora do Euro 2016 e do Mundial 2018, Ronald Koeman aproveita para regenerar a velha máquina que habituou o planeta a esperar um futebol apaixonante, mas que desde 1998 não conquista qualquer troféu.

Matthijs de Ligt, Frenkie de Jong e Steven Bergwijn — sem ignorar Donny van de Beek — são exemplos da injecção de sangue fresco nas “tulipas”. O que não dispensa a experiência de Van Dijk e Wijnaldum, dupla acabada de sagrar-se campeã europeia pelo Liverpool, na Champions. Algo a que os ingleses respondem com Alexander-Arnold, Jordan Henderson e Joe Gómez (também do Liverpool), para além dos finalistas vencidos Harry Kane, Dele Alli, Eric Dier e Danny Rose (todos do Tottenham) — os também “spurs” Kieran Trippier e Harry Winks não estão entre os 23.

No processo, apenas uma derrota da Holanda frente aos franceses campeões do mundo, em Setembro, resultado rectificado em Novembro (já a contar para a Liga das Nações), isto para além da retumbante vitória (3-0) imposta à selecção alemã, no “grupo da morte” da competição que agora decide, em território luso, o primeiro vencedor do troféu.

Para vencer a Liga das Nações, a Holanda precisa de derrubar um primeiro obstáculo de peso: uma Inglaterra intratável, que depois de garantir a presença na final a quatro — relegando a vice-campeã mundial, Croácia, para a divisão inferior — entrou de forma demolidora na fase de qualificação para o Euro 2020, “triturando” a República Checa (5-0) e Montenegro (1-5). Voracidade que se explica também pelo jejum de títulos desde 1966, quando conquistou o Mundial de Eusébio. O que levou Gareth Southgate a pedir aos jogadores para agarrarem a oportunidade de vencer de novo um grande troféu e iniciarem o seu próprio legado.

O seleccionador inglês lembrou, em conferência de imprensa, em Guimarães, que a Inglaterra evoluiu desde o Mundial, onde alcançou as meias-finais. “Queremos estar nas decisões, mas acima de tudo poder conquistar títulos”, o que começa pela confiança reforçada, por Liverpool e Chelsea, nas provas europeias. Com efeito, a equipa dirigida por Gareth Southgate está em alta e precisa de recuar até ao dia do primeiro jogo no Grupo 4 da Liga das Nações para recordar a última derrota, em Wembley, frente a Espanha (1-2), após o quarto lugar conquistado no Mundial 2018. Mas, mesmo que a este facto se some a derrota (3-2) da Holanda ante a congénere alemã, há pouco mais de dois meses, em partida de qualificação para o Campeonato da Europa 2020, o fiel da balança continuará nivelado, como se percebe pelos números registados nos 21 confrontos entre holandeses e ingleses: com seis vitórias para cada lado e nove empates, sobrando apenas uma ligeira vantagem britânica no saldo de golos (26-30). É, portanto, à boleia deste braço-de-ferro que Guimarães coroará o segundo finalista da Liga das Nações.

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