Descobertas cinco estrelas raras

Equipa internacional foi liderada por astrofísicos em Portugal.

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Ilustração do telescópio TESS DR

Nos dois primeiros meses de operações científicas do telescópio espacial TESS – Transiting Exoplanet Survey Satellite, ou Satélite de Rastreio de Trânsito de Exoplanetas –, uma equipa internacional, liderada pelo Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, já descobriu cinco estrelas “raras”.

Em comunicado, o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) adianta esta quarta-feira que a descoberta, aceite para publicação na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, recorreu as técnicas asterossísmicas, um método que observa as oscilações à superfície das estrelas.

O instituto afirma que duas das cinco estrelas são “particularmente desafiadoras”, isto porque uma “é menos quente do que a teoria prevê” e outra “oscila com uma frequência inesperadamente alta”.

As cinco estrelas pertencem ao subgrupo Ap de oscilação rápida (também designadas por roAp). As estrelas roAp são objectos estelares raros e constituem um subgrupo de estrelas magnéticas (as estrelas Ap) cujos campos magnéticos são fortes e oscilam com frequências semelhantes às observadas no Sol. “Entre 32 mil estrelas observadas em cadência curta, nos primeiros dois meses de operações científicas da missão espacial TESS (...) a equipa descobriu cinco raras estrelas roAp”, acrescenta ainda o IA.

Além das cinco estrelas roAp, a equipa de investigadores encontrou, ao longo das operações científicas, “o mais rápido oscilador roAp”, que completa uma pulsação a cada 4,7 segundos.

Citada no comunicado, Margarida Cunha, a primeira autora do artigo acrescenta que os dados recolhidos mostram que “as estrelas roAp são raríssimas”, uma vez que representam menos de 1% de todas as estrelas com temperaturas semelhantes.

“A importância desta descoberta reside no facto de elas serem autênticos laboratórios estelares. Permite-nos testar teorias relativas a fenómenos físicos fundamentais no contexto da evolução das estrelas, como a difusão de elementos químicos e a sua interacção com campos magnéticos intensos.”

Também citado no comunicado, Daniel Holdsworth, do Instituto Jeremiah Horrocks da Universidade de Central Lancashire, no Reino Unido, acredita que estas observações vão permitir “estudar este tipo raro de estrelas de uma forma homogénea”: “Podemos finalmente comparar cada estrela com as restantes, sem precisar de tratar os dados de uma forma especial. Com a continuação da missão TESS, que irá fazer uma cobertura quase total do céu, teremos a capacidade de descobrir muitas mais estrelas peculiares.”

Estes resultados só foram possíveis, sublinha o IA, porque o telescópio TESS “observa continuamente as estrelas por períodos de pelo menos 27 dias e sem a interferência da atmosfera da Terra, algo que não é possível aos observatórios à superfície do nosso planeta”.

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