Telessaúde é uma prioridade mas as infraestruturas são uma barreira

Mais de 90% dos administradores hospitalares que responderam ao primeiro barómetro sobre telessaúde, consideram que a “a tele-saúde desempenha um papel muito importante na monitorização remota de doentes crónicos”.

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NEG NELSON GARRIDO

A telessaúde é uma prioridade para os administradores hospitalares, mas as infra-estruturas são uma das principais barreiras à implementação destes projectos. Estas são duas das conclusões do primeiro Barómetro da Adopção da Telessaúde e Inteligência Artificial no Sistema de Saúde, promovido pela Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH).

Os dados são apresentados esta terça-feira, em Lisboa. O barómetro contou com a colaboração da Glintt – Global Intelligent Technologies, uma parceria da Escola Nacional de Saúde Pública e o apoio institucional dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde. O inquérito foi disponibilizado online entre os 15 de Abril e 6 de Maio e teve como destinatários todos os profissionais a exercer funções de topo nas diversas entidades do sistema de saúde públicas e privadas. Das 36 respostas válidas, 24 foram de hospitais do Serviço Nacional de Saúde (o que representa 48% do universo dos hospitais do SNS).

De acordo com os resultados, a que o PÚBLICO teve acesso, 53% dos administradores disseram que a implementação da telessaúde “é uma das prioridades” da sua instituição, 96% consideraram “que ajuda a colmatar a falta de resposta” das unidades de saúde e que o recurso a este sistema promove uma melhor gestão da doença por parte dos doentes. Também para 96% dos administradores a “a telessaúde desempenha um papel muito importante na monitorização remota de doentes crónicos”.

O barómetro revela ainda que 87% dos hospitais do SNS que responderam ao inquérito têm implementado pelo menos um projecto nesta área, sendo a maioria telerrastreios e teleconsulta. Quanto a barreiras na adopção da telessaúde, as infraestruturas tecnológicas desadequadas somam 61% das respostas. Segue-se a baixa literacia nesta área e a falta de motivação dos profissionais na adopção desta tecnologia. Curiosamente, algumas destas áreas foram igualmente identificadas como facilitadoras da implementação de projectos.

Já quanto à inteligência artificial, 47% das instituições afirmam ter projectos nesta área. No top 3 dos projectos em fase piloto ou implementados estão iniciativas relacionadas com a transcrição de voz, agendamento de consultas ou cirurgias e interpretação de informação dos processos clínicos. Mais uma vez, a falta de infraestruturas adequadas é apontada como uma barreira. Assim como a ausência de cientistas de dados.

“Estes dados são importantes para a definição da estratégia nacional dos sistemas de informação em saúde. Há uma percentagem do orçamento que deve ser alocada aos sistemas de informação e que deve ser crescente. Mas o que vemos é que esta componente ainda é muito limitada. O barómetro também serve de alerta para isso. Este financiamento deve ser usado na formação dos profissionais e na actualização dos sistemas”, considera Alexandre Lourenço, presidente da APAH.

O responsável salienta que a grande limitação apontada pelos gestores são as infra-estruturas. “Muitos hospitais recebem financiamento, mas é claramente insuficiente”, reforça. O responsável considera que o momento que se está a viver no sector — com falta de recursos humanos e financeiros — “está a ser uma limitação no desenvolvimento destas novas tecnologias”.

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