Ministério Público pede condenação de marroquino suspeito de terrorismo

As alegações finais decorrem no Campus da Justiça, em Lisboa.

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Nuno Ferreira Santos

O Ministério Público pediu esta terça-feira a condenação de Abdesselam Tazi, o marroquino de 65 anos acusado de terrorismo que morava em Aveiro com um compatriota suspeito do mesmo crime.

Ambos terão ajudado a planear, a partir de Portugal, um atentado em solo francês que a polícia conseguiu abortar. O companheiro do arguido, Hicham el Hanafi, foi preso em França.

As declarações em tribunal do irmão de Hicham el Hanafi, que mora em Portugal, foram consideradas cruciais pela procuradora do Ministério Público Cristina Janeiro. Esta testemunha está convencida de que foi Tazi a radicalizar o irmão, que trocou a vida normal que tinha em Marrocos, onde tinha namoradas e bebia álcool, por uma vida na Europa virada para a fé islâmica.

Mas o sexagenário sempre negou as ligações ao autoproclamado Estado Islâmico que lhe imputam, alegando que há compatriotas que o denunciaram como terrorista por ter recusado traficar droga para eles - justificação que, para a acusação, não merece credibilidade. 

Suspeito acusa Carlos Alexandre de islamofobia

Embora pedindo a libertação imediata do seu cliente, que está detido preventivamente há dois anos, o advogado de Tazi, Lopes Guerreiro, admitiu a sua condenação, mas por crimes menores — por ter entrado em Portugal com um passaporte falso e por ter usado cartões de crédito também falsos. 

No final das alegações, o suspeito pediu desculpa por estes delitos, garantindo que a única maneira de fugir à perseguição que lhe movia o regime marroquino tinha sido usar um documento de identificação que não era verdadeiro. 

“Usei o passaporte falso para salvar a vida”, resumiu. “Gosto muito do povo português e não tenho nada a ver com terrorismo”.

“Os jihadistas são voluntários, e não mercenários. Não precisam de dinheiro”, observou, em resposta à acusação de que teria recrutado imigrantes em Portugal para o Daesh a troco de dinheiro. 

E não resistiu a deixar um recado ao magistrado que ordenou a sua prisão preventiva: “islamofobia é paranóia do juiz Carlos Alexandre”.

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