PAN é a terceira força junto dos mais jovens, CDU a última

No grupo com 65 ou mais anos, metade das pessoas votou PS.

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O PS surge como primeira força em todas os escalões etários Miguel Manso

Se a surpresa destas eleições europeias, o Pessoas-Animais-Natureza (PAN), surge como a terceira força política entre os votantes com menos de 25 anos, a CDU é a última entre o eleitorado mais jovem. Ainda no que diz respeito às idades, salienta-se que um em cada quatro votantes com menos de 35 anos escolheu forças políticas que não elegeram qualquer eurodeputado ou votaram em branco ou nulo. Quanto ao PS, é o primeiro partido em todas as faixas etárias; o PSD o segundo.

Trata-se de uma análise baseada nos dados obtidos na sondagem do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião – Universidade Católica Portuguesa para a RTP no dia 26 de Maio de 2019, a partir da qual foi seleccionada uma subamostra, na qual os eleitores responderam em quem votaram nas europeias, indicando factores específicos como idade, sexo e grau de instrução.

Os dados foram, depois, ponderados tendo em conta os resultados oficiais das eleições europeias. Foram obtidos 3931 inquéritos válidos para esta análise. “Não são resultados oficiais, são dados baseados numa análise que fizemos a uma subamostra”, diz João António, responsável técnico pelas sondagens políticas deste centro.

Que leituras podem, então, ser feitas? Que o PAN já é a terceira força política entre os votantes com menos de 25 anos (13,9%) e a quarta no grupo dos 25 aos 34 (11,2%) e dos 35 aos 44 (7,3%). Salienta-se ainda que o BE é a terceira força política em várias faixas etárias, que englobam as pessoas entre os 25 e os 64 anos.

Quanto à CDU, surge em último entre o eleitorado mais jovem: regista 4,6% dos 18 aos 24 anos e 5,5% na faixa dos 25 aos 34. No que toca à análise dos dados, ainda tendo em conta a faixa etária, destaca-se que um em cada quatro votantes com menos de 35 anos escolheram forças políticas que não elegeram qualquer eurodeputado ou votaram em branco ou nulo – 25,5% no grupo dos 18 aos 24 e 25,9% dos 25 aos 34 anos.

Outros dados evidenciados no documento mostram que a diferença em pontos percentuais entre PS e PSD cresce “significativamente” nos últimos dois escalões etários: dos 55 aos 64 anos, o PS regista 38% dos votos e dos 65 ou mais anos alcança os 50,2%; no caso do PSD, a faixa etária que vai dos 55 aos 64 anos assinala uma percentagem de 22,1; enquanto a de 65 ou mais regista 23,4%.

A faixa etária na qual a CDU recolhe maior percentagem de votos é a dos 65 ou mais anos (8%). Quanto aos sociais-democratas, a faixa etária com mais peso é a que vai dos 45 aos 54 (24,6%). É nesta mesma faixa etária que o CDS obtém o seu melhor resultado: 8,5%.

O outro vector de análise diz respeito ao grau de instrução dos inquiridos. Aqui, salienta-se que PS, com 24,9%, e PSD, com 24,2%, recolheram praticamente a mesma percentagem de votos entre as pessoas mais instruídas.

Olhando à lupa para os dados sobre o nível de estudos, destaca-se também que, no grupo dos eleitores que não completaram o secundário, 54,8% votaram PS.

No caso do PSD, o grupo mais representativo é aquele que completou o ensino superior: 24,2%. Assim como no BE (11,6%), no CDS (8,3%) e no PAN (6%). Já na CDU a percentagem mais elevada (8,2) situa-se no grupo de quem fez o secundário. A maior percentagem, porém, de quem votou branco ou nulo também se situa entre quem estudou na faculdade: 19,1%.

Em Portugal, a noite das eleições europeias confirmou a vitória do PS (33,39%), a derrota da direita nas urnas, a eleição de mais um eurodeputado para o Bloco de Esquerda, a perda de um mandato da CDU e a chegada de Francisco Guerreiro ao Parlamento Europeu, pelo PAN. Uns festejaram, outros deram a cara pelos fracassos. O líder do PS, António Costa, considerou o resultado um “voto de confiança no PS”. O BE não se cansou de repetir que se confirma como a terceira força do país. O PAN também festejou – como disse recentemente o líder André Silva ao PÚBLICO, “as forças políticas percebem que o PAN já conta”. Outros como PSD, CDU e CDS assumiram terem ficado aquém das metas.

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