O Trump bebé que perseguirá o Trump adulto no Reino Unido

Já o tínhamos visto antes: em Londres, em Buenos Aires e em Paris. Agora, o balão gigante que põe Trump de fraldas volta a sair às ruas por ocasião da visita do Presidente dos EUA ao Reino Unido. E até o Museu de Londres quer ter o insuflável em exposição.

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O insuflável durante os protestos de Julho de 2018 Reuters/PETER NICHOLLS

Tem seis metros de altura, é enchido com hélio e mostra um Trump bebé laranja e birrento, de fraldas e de telemóvel na mão. O Presidente dos EUA aterrou nesta segunda-feira no Reino Unido para uma visita de Estado de três dias e já tem vários encontros (involuntários) marcados com o balão-caricatura.

Segundo o plano divulgado pelo movimento Together Against Trump (Juntos contra Trump), o balão estará junto do Palácio de Buckingham durante o banquete de Estado nesta segunda-feira; estará em Downing Street quando Trump for recebido pela primeira-ministra britânica, Theresa May, na terça-feira; e seguirá o trajecto do Presidente norte-americano até Portsmouth, na quarta-feira.

“Trump fará o seu melhor para evitar o público nesta sua visita, mas com o balão do bebé Trump a sobrevoar conseguimos enviar uma mensagem muito clara de solidariedade para todos aqueles que são afectados pelas suas decisões políticas desprezíveis”, afirmou um dos membros da organização dos protestos, Ajuub Faraji, que se considera um dos “babysitters” do balão.

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EPA/ANDY RAIN

Na sua primeira visita oficial a Londres, em Julho do ano passado, dezenas de milhares de pessoas saíram à rua em protesto, dizendo que o Presidente norte-americano não era bem-vindo. Na altura, foi assinada uma petição por mais de dez mil pessoas para que o balão pudesse ser içado e foram angariadas 18 mil libras (cerca de 20 mil euros) para sustentar os custos do balão gigante. O presidente da Câmara de Londres, Sadiq Khan, autorizou que o balão sobrevoasse os céus, a 13 de Julho. Nigel Farage, o político anti-União Europeia que simpatiza com Trump (um sentimento recíproco), considerou que a decisão de autorizar o balão era “o maior insulto que já foi feito a um Presidente dos EUA em funções”.

“O mayor apoia o direito aos protestos pacíficos e entende que estes podem ter diferentes formas”, explicou à data um porta-voz de Sadiq Khan, que é muçulmano e já tinha criticado algumas das medidas de Trump, como a proibição da entrada de cidadãos de alguns países de maioria muçulmana nos EUA.

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O balão na fronteira entre os Estados Unidos e o México CARLOS JASSO/REUTERS

O Presidente dos EUA acusou-o na altura de desvalorizar o terrorismo. Nesta segunda-feira, ainda antes de aterrar, as críticas continuaram no Twitter: à sua chegada no Reino Unido, Trump acusou Khan de fazer “um trabalho péssimo” e de ser um “falhado inútil”. Khan respondeu, através do seu porta-voz, dizendo que o mayor “representa os valores progressistas de Londres e do país”, deixando o aviso de que Donald Trump “é o exemplo mais flagrante da crescente ameaça da extrema-direita”.

Obra de museu?

O Museu de Londres mostrou interesse em ter o balão de Trump em exposição e adiantou que os donos do balão já se mostraram disponíveis para que tal acontecesse, noticiou a BBC. A directora do museu, Sharon Ament, disse que também queria exibir o balão com o mayor Khan vestido com um biquíni amarelo.

Para assinalar a chegada do Presidente Trump a terras britânicas, o canal televisivo Sky News fez um pequeno vídeo, publicado no Twitter, que mostra a passagem de uma sombra gigante sobre Inglaterra. Do nada, surge o balão-caricatura de Trump com a inscrição “Ele está de volta” – para desagrado de muitos dos utilizadores que comentaram a publicação.

Leo Murray, um dos autores da ideia do balão, explicava no ano passado que o objectivo era captar a atenção de Donald Trump através dos seus pontos fracos. “Ele é um homem extremamente inseguro e esse é o único poder que temos sobre ele. Se queremos a atenção de Trump, temos de fazer alguma coisa que o faça sentir humilhado.” 

Londres não foi o único sítio por onde este balão insuflável voou: depois dos protestos no Reino Unido e de algumas manifestações nos EUA, os donos do balão emprestaram-no a manifestantes franceses, que o içaram durante um protesto na Praça da República, em Paris, quando Trump se encontrava no país para a celebração do centenário do Dia do Armistício, a 11 de Novembro.

Ainda em 2018, o balão viajou para Buenos Aires (Argentina) numa tentativa de apelar à maturidade de Trump. “Gostaríamos que o Presidente dos Estados Unidos fosse um pouco mais adulto. Achamos que é uma estupidez que ele esteja sempre no Twitter. Achamos que é estúpido que ele seja petulante, que crie brigas. Parece querer ir pelo pior caminho, em vez daquele que é mais digno”, afirmou Robert Kennedy, pertencente a um movimento de oposição a Trump. 

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