A primeira vez de Ott Tänak em Portugal

Estónio vence Rali de Portugal e fica a dois pontos de Sébastien Ogier, que lidera o Mundial e vai novamente abrir a estrada na próxima prova, na Sardenha.

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Ott Tänak era um piloto relativamente desconhecido quando, a 6 de Março de 2015, saltou inesperadamente para a ribalta após um espectacular acidente no Rali do México. Num dos troços, perdeu o controlo do seu veículo (na altura um Ford) e este caiu num lago, ficando completamente submerso. As imagens do estónio a abandonar o carro pela janela, a nadar para a margem e a ajudar o seu co-piloto a sair da água tornaram-se virais na Internet. Demorou a recuperar do desaire, mas a sua qualidade começou a emergir nas temporadas de 2017 e 2018, com o terceiro lugar no campeonato mundial. Este domingo, selou em Portugal, de forma categórica, o seu 9.º triunfo na carreira e está cada vez mais determinado em interromper o domínio de Sébastien Ogier na modalidade.

A curta vantagem com que Tänak partia para o último dia da prova deixava antever um final dramático. E assim foi. Com pouco mais de quatro segundos de vantagem para o seu principal perseguidor, Kris Meeke, o estónio da Toyota começou por alargar o fosso até aos 22,8 segundos, até o irlandês recuperar e encurtar as distâncias para 2,4 segundos. Mas o ataque à liderança foi subitamente interrompido, quando Meeke não evitou um pião, primeiro, e uma pedra na “power stage” (uma especial que possibilita aos mais rápidos alcançarem pontos adicionais na prova) de Fafe, acabando por desistir.

A via estava aberta para Tänak garantir o primeiro triunfo em Portugal, país onde se estreou no Mundial de ralis há precisamente uma década. Deu até para gerir e delinear uma estratégia para a próxima prova do campeonato, o Rali da Sardenha, em Itália, entre os próximos dias 14 e 16.

Intencionalmente, o estónio deixou-se cair para o terceiro lugar na “power stage”, que encerrou a competição. A ideia foi manter Sébastien Ogier (terceiro nas contas finais) no comando do campeonato, no qual Tänak segue no segundo posto, agora somente com menos dois pontos, já que recuperou oito em Portugal. Um presente envenenado para o hexacampeão francês, que terá assim a complicada tarefa de voltar a abrir a estrada de terra batida na Sardenha, como já havia feito em Portugal, o que representa, à partida, uma desvantagem.

Foi o epílogo perfeito para Tänak. “Antes do rali parecia difícil [vencer], ontem à noite [sábado] parecia ainda mais complicado, mas, afinal, conseguimos. Foi uma das vitórias mais difíceis da minha carreira. Tivemos de lutar muito em face dos problemas que nos surgiram”, concluiu o estónio – que assumiu o comando da prova ainda na sexta-feira, em Arganil, para não mais o largar, apesar de inúmeros sustos –, antes de confirmar a sua estratégia para o próximo capítulo do campeonato: “Tive que aquecer os travões um pouco antes do final da ‘power stage’ para garantir que será o Ogier a abrir a estrada no Rali da Sardenha.”

O francês, que já festejou cinco triunfos em Portugal (2010, 2011, 2013, 2014 e 2017), teve de se conformar, até porque o último lugar do pódio deste ano acabou por ser um resultado positivo, face às incidências nos primeiros troços da prova. Mesmo assim, Ogier não ficou particularmente feliz: “Não estava a fazer planos para ser o primeiro na estrada no primeiro dia do Rali da Sardenha.”

Entre os dois primeiros classificados no Mundial, ficou o belga Thierry Neuville, que solidificou também a terceira posição na classificação geral, agora a dez pontos de Ogier. “Fico muito satisfeito com o segundo lugar. Para quem sofreu um grande acidente no Chile [prova anterior], é excelente”, admitiu.

Com sete das 14 provas de 2019 concluídas, as expectativas são altas para a segunda metade da competição. Em termos de triunfos, Tänak garantiu o terceiro da temporada em Portugal e o segundo consecutivo após a vitória no Chile. Os restantes quatro foram divididos entre Ogier e Neuville.

Também para a Toyota o Rali de Portugal foi memorável, já que não vencia em solo português há 25 anos, desde 1994, com o tetracampeão Juha Kankkunen ao volante de um Celica.

Entre os portugueses, Armindo Araújo foi o melhor (16.º), encerrando esta 53.ª edição com um triunfo para o campeonato nacional, que lhe permitiu subir ao segundo posto da geral liderada por Ricardo Teodósio, com um espírito de “missão cumprida”.

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