Escolha de aeroporto no Montijo “não é a desejável”, dizem companhias aéreas

Defensor da construção de um aeroporto de raiz, o director executivo da RENA mostra-se preocupado com o financiamento de um novo aeroporto no Montijo “à custa dos utilizadores actuais do aeroporto Humberto Delgado”.

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Aeroporto Humberto Delgado, Lisboa Nuno Ferreira Santos/arquivo

O director executivo da Associação Representativa das Companhias Aéreas em Portugal (RENA), António Portugal, considerou este sábado que a decisão de construir um novo aeroporto no Montijo “não é a desejável” para o sector.

“Olhamos para o Montijo como uma solução menos má, não é a desejável, para nós o que seria desejável seria naturalmente a criação de um novo aeroporto” de raiz, disse.

António Portugal falava no decorrer de um painel subordinado ao tema “O Novo Aeroporto de Lisboa”, inserido no terceiro dia da cimeira aeronáutica Portugal Air Summit, que decorre no Aeródromo Municipal de Ponte de Sor, no distrito de Portalegre.

Questionado sobre a localização que consideraria ideal para a construção de um novo aeroporto, António Portugal escusou-se a apontar um espaço em concreto. “O Montijo tem uma capacidade de crescimento limitada, diria que dentro de 10, 15 anos, vamos estar a ter novamente a mesma conversa, para onde é que iremos daqui a um tempo”, disse.

Defensor da construção de um novo aeroporto de raiz, o director executivo da RENA manifestou-se também preocupado com as questões relacionadas com o financiamento de um novo aeroporto no Montijo. “A nossa grande preocupação é que a solução do Montijo seja financiada à custa dos utilizadores actuais do aeroporto Humberto Delgado (Lisboa), que não nos parece que seja algo curial”, afirmou.

Também presente no painel, o secretário-geral da Associação Portuguesa de Transporte e Trabalho Aéreo (APTTA), Rogério Pinheiro, considerou que faz parte de uma solução “temporária” a construção de um novo aeroporto no Montijo. “Esta realidade é incontornável, perante o alargamento da discussão, chegamos a uma situação de tal emergência que qualquer coisa serve. E este qualquer coisa era uma coisa que já estava semi-feita, que é a Base Aérea do Montijo, e que tem os menores custos de adaptação”, disse.

O presidente da Associação dos Pilotos Portugueses de Linha Aérea (APPLA), Miguel Silveira, igualmente defensor da construção de um novo aeroporto, como os restantes oradores do painel, considerou que a decisão de construir a infra-estrutura no Montijo faz parte de uma solução, “com algum favor”, a “médio prazo”.

Em meados de Abril, a ANA - Aeroportos de Portugal anunciou estar concluído o Estudo de Impacte Ambiental (EIA) do aeroporto do Montijo, mas as conclusões não são ainda conhecidas, nem pelos ambientalistas nem pelos deputados.

A ANA e o Estado assinaram a 8 de Janeiro o acordo para a expansão da capacidade aeroportuária de Lisboa, com um investimento de 1,15 mil milhões de euros até 2028 para aumentar o actual aeroporto de Lisboa (Humberto Delgado) e transformar a base aérea do Montijo no novo aeroporto de Lisboa.

A 4 de Janeiro, o então ministro do Planeamento e das Infra-estruturas, Pedro Marques, assegurou que vão ser integralmente cumpridas eventuais medidas de mitigação definidas no estudo de impacto ambiental.

O primeiro-ministro, António Costa, por seu turno, afirmou que apenas aguarda o EIA para a escolha da localização do novo aeroporto ser “irreversível”.

A 11 de Janeiro, António Costa admitiu que “não há plano B” para a construção de um novo aeroporto complementar de Lisboa caso o EIA chumbe a localização no Montijo e voltou a garantir que “não haverá aeroporto no Montijo” se o EIA não o permitir.

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