Livros para crianças na caixa do correio

A partir deste sábado, há um clube de leitura que ajuda pais, educadores e crianças a obter os livros certos para cada idade. Com entrega ao domicílio.

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Fernando Veludo / PUBLICO
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Pedro Sobral ENRIC VIVES-RUBIO

Incentivar a leitura partilhada e a construção de uma primeira biblioteca familiar é o propósito maior do Clube de Leytura, que é neste sábado apresentado na Feira do Livro de Lisboa pela Leya. Uma plataforma online  (https://clubedeleytura.com/) que conta com a ajuda de curadores de diferentes formações, mas todos ligados à infância, à palavra ou à ilustração.

Mensalmente, os subscritores receberão por correio electrónico sugestões de livros para crianças entre os zero e os 13 anos, duas sugestões por faixa etária. Se aceitarem o que lhes é proposto e mediante o pagamento de uma quantia fixa por mês (9,90 euros), só têm de aguardar que, na primeira semana do mês seguinte, uma caixa endereçada às crianças com dois livros lhes chegue à caixa do correio. Para já, via CTT e apenas em Portugal continental. As ilhas estão nos planos, mas ainda sem data marcada.

Se os pais ou as crianças preferirem outros títulos, podem solicitá-los até ao dia 25 do mês anterior. E não têm de ser da Leya.

Em declarações ao PÚBLICO, Pedro Sobral, director-geral das edições gerais da editora, garante que “os curadores do clube têm liberdade total na escolha dos títulos”.

Podem propor livros da concorrência, da Porto Editora, por exemplo?, perguntamos. “A liberdade é total”, reforça, sublinhando que o objectivo é “incentivar a leitura partilhada em família e criar novos leitores”, pelo que todos “as sugestões de qualidade são bem-vindas”.

Este responsável pelo novo site suspeita de que “os autores portugueses vão estar bem representados nas escolhas”, pois não duvida da “qualidade dos autores nacionais”. Tem uma outra certeza: “Vamos formar novos leitores e ajudar as famílias a ter momentos de partilha e cumplicidade através dos livros e da leitura.”

E as livrarias, senhor?

À pergunta sobre se este não é mais um golpe para as livrarias, Pedro Sobral responde: “A questão das livrarias não se coloca. São actividades complementares. Nós trabalhamos para os autores e para os leitores. Nas livrarias, continuamos a cumprir as regras de mercado.”

O escritor António Mota, um dos curadores desta iniciativa e a comemorar 40 anos de vida literária, que recebeu 30 livros para apreciar no arranque do clube, considera-a “uma ideia muito bonita”. Agrada-lhe a circunstância de “as crianças receberem uma caixa com o seu nome, numa altura em que elas nem sabem o que são os correios”.

O ex-professor do 1.º ciclo de Baião e um dos autores de literatura infanto-juvenil portugueses mais lidos acrescenta ainda que “todas as iniciativas para fazer chegar os livros e a leitura às crianças são boas”. Além disso, “faz muita falta ajudar os pais nessa escolha”.

Para já, o escritor sugere o título Emocionário (Diz o que Sentes), de Rafael R. Valcarcel e Cristina Nuñez Pereira, mas não para os 4-5 anos, antes para os 6-8. Outra das suas propostas para “leitores mais crescidinhos” vai para O Rapaz do Pijama às Riscas, de John Boyne, Edições ASA.

Os outros curadores deste mês serão Ana Maria Magalhães, Isabel Alçada, Alice Vieira e a editora de literatura infantil e juvenil Carla Teixeira Pinheiro.

Os dez primeiros livros — sempre dois por faixa etária — a integrarem e a chegarem a casa dos subscritores serão: Pinguim, de Polly Dunbar, e Parabéns, da DK (0-3 anos); A Menina Que Sorria a Dormir, Isabel Zambujal, e Adivinha o Quanto eu Gosto de Ti… Todo o Ano, de Sam McBratney (4-5 anos), A Joaninha Vaidosa, de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, e O Alfabeto dos Bichos, de José Jorge Letria (6-8 anos), Diário de Uma Totó – Volume 1, de Rachel Renée Russell, e O Principezinho, de Antoine de Saint-Éxupéry (9-10 anos), e, por fim, O Rapaz do Pijama às Riscas, de John Boyne, e As Gémeas no Colégio de Santa Clara, de Enid Blyton (11-13 anos).

Cada caixa traz sempre um brinde-surpresa, pode ser um peluche, um brinquedo ou uma bola, por exemplo, “mas sempre algo que tenha que ver com a leitura daqueles livros”, diz Pedro Sobral. No futuro, a ideia é promover encontros com os autores, os curadores e criar uma verdadeira dinâmica de clube de leitura. E a editora está confiante: “Temos a certeza de que a médio e longo prazo formaremos novos leitores. Faremos com que as crianças entrem neste mundo maravilhoso.”

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