Detidos da Operação Teia começam a prestar declarações

Operação centra-se nas autarquias de Santo Tirso e Barcelos, bem como no Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto e investiga suspeitas de corrupção, tráfico de influência e participação económica em negócio.

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Paulo Pimenta

O presidente da Câmara de Barcelos, Miguel Costa Gomes, será o primeiro dos quatro detidos da Operação Teia a prestar declarações esta sexta-feira, a partir das 10h00, no Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto.

A revelação foi feita pelo advogado de defesa, Nuno Cerejeira Namora, na quinta-feira no exterior do TIC, depois de terminada a consulta dos quatro volumes e outros tantos anexos do processo, e num dia em que a comparência dos detidos serviu apenas para que fossem identificados.

“Temos a indicação de que todos os detidos vão prestar declarações. O primeiro vai ser o presidente Miguel Costa Gomes, o segundo será a doutora Manuela Couto [empresária e mulher de Joaquim Couto], o terceiro será José Maria Laranja [presidente do IPO/Porto] e, por fim, será Joaquim Couto [presidente da Câmara de Santo Tirso]”, disse.

Segundo Nuno Cerejeira Namora, os arguidos regressaram às instalações da Polícia Judiciária do Porto para cumprirem a segunda noite de detenção. “Os quatro detidos vão passar a noite atrás das grades e esperemos que mais nenhuma. Esperemos que sejam ouvidos amanhã [hoje] e proferidas as medidas de coação”, declarou o causídico.

Reafirmando tratar-se de um processo que “é uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma”, Nuno Cerejeira Namora — que foi o único advogado dos arguidos a dar declarações aos jornalistas — frisou que, vistos “os volumes e anexos”, não encontrou o “mínimo indício da existência de corrupção passiva por parte do presidente da câmara [de Barcelos]”. “Ele vem acusado de actos que não foi ele que praticou, foram vereadores e vice-presidentes anteriores ao período em que ele tinha o pelouro desta área”, disse o advogado, afirmando-se “tranquilo e sereno” em relação ao interrogatório e dizendo só admitir que “ele saia com a medida mínima de coação, o termo de identidade e residência”.

Insistindo que a detenção foi “desproporcionada”, Nuno Cerejeira Namora perguntou: “Onde é que há perigo de continuação da actividade criminosa? Onde é que há possibilidade de destruição de prova se a prova está toda nos dossiês do Ministério Público? Onde é que há perigo de fuga?”. “Não é necessário deter ninguém para um crime desta natureza”, considerou o advogado.

A empresária Manuela Couto, administradora da W Global Communication, detida pela Polícia Judiciária no âmbito desta operação, já tinha sido constituída arguida em Outubro, no âmbito da Operação Éter, relacionada com o Turismo do Norte.

A Operação Teia centra-se nas autarquias de Santo Tirso e Barcelos, bem como no Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto e investiga suspeitas de corrupção, tráfico de influência e participação económica em negócio, traduzidas na “viciação fraudulenta de procedimentos concursais e de ajuste directo”, segundo um comunicado da Directoria do Norte da Polícia Judiciária, o órgão de polícia criminal que apoia o Ministério Público nesta investigação.

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