Inteligência artificial jogou Quake e o resto foi o costume

Deep Mind criou jogadores artificiais que treinaram de forma semelhante a um humano. O resultado já se tornou habitual.

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Uma representação de um jogo de "capturar a bandeira". Quake envolve muito mais metralhadoras Deep Mind

Os cientistas na área da inteligência artificial têm demonstrado como os seus algoritmos conseguem ser treinados para alcançar desempenhos sobre-humanos.

Em particular, a Deep Mind, a empresa de inteligência artificial do Google, mostra um interesse por pôr computadores a jogar. Foram muito noticiados os algoritmos que derrotaram os campeões humanos de Go (um jogo de estratégia com muito mais possibilidades do que o xadrez) e os que foram capazes de se tornar exímios em xadrez apenas treinando repetidamente contra si próprios, sem que lhes fosse dada informação como as melhores aberturas ou estratégias de jogo.

Esta semana, a Deep Mind publicou um artigo na revista Science sobre como os seus agentes de inteligência artificial foram capazes, através de técnicas de aprendizagem por reforço, de alcançar um desempenho sobre-humano em ambientes tridimensionais complexos que requeriam estratégias colaborativas.

Posto de forma simples, a máquina aprendeu a jogar Quake e acabou a ganhar a humanos profissionais.

Quake é um dos mais famosos videojogos de first person shooter: numa perspectiva de primeira pessoa, o jogador tem de avançar ao longo de níveis labirínticos obliterando inimigos com todo o tipo de armas.

Os cientistas usaram uma versão do jogo chamada Quake III Arena no modo “capturar a bandeira”. Os jogadores dividem-se em equipas que têm de capturar o maior número possível de bandeiras da equipa adversária. Podem disparar contra os inimigos, fazendo com que estes, após uma curta pausa, regressem ao ponto inicial do cenário.

Ter agentes artificiais capazes de bater humanos não é extraordinário e o próprio jogo é capaz de gerar bots sofisticados. Porém, ao contrário dos bots do jogo, os agentes criados pela Deep Mind aprenderam a jogar da mesma forma que os humanos: analisando o cenário e sendo recompensados por chegar ao objectivo (esta também não é a primeira vez que a Deep Mind cria agentes artificiais capazes de jogar Quake).

Os resultados foram aqueles que já se tornaram habituais. Os jogadores artificiais “claramente excederam a taxa de vitória dos humanos em mapas que nenhum agente ou humano tinha visto previamente”, escreveu a equipa de investigadores.

A experiência também envolveu humanos a jogar em parceria com agentes artificiais. “Só como parte de uma equipa humano-agente observámos um humano a vencer uma equipa de agente-agente”, observa o estudo. Ainda assim, a probabilidade de vitória da equipa mista era de apenas 5%.

Numa outra experiência, dois jogadores profissionais que podiam comunicar entre si jogaram contra um par de agentes artificiais. Após 12 horas de prática, os humanos ganharam 25% das vezes e empataram 6%.

Os cientistas reconhecem que os agentes artificiais têm uma vantagem: não precisam de premir teclas ou botões. Para compensar isso, diminuíram a resposta dos agentes em 267 milissegundos. Foi o suficiente para os humanos aumentarem a percentagem de vitórias. Ainda assim, os agentes artificiais levaram a melhor. Os humanos eram agora mais eficazes a acertar nos inimigos. Mas os agentes acabavam com mais bandeiras.

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