Sondagens eleitorais: onde acertaram e onde erraram

A eleição do PAN foi uma das surpresas das europeias. Alguns resultados das sondagens indicavam a probabilidade de o partido eleger um candidato, mas todas elas ficaram aquém dos votos conquistados no domingo. O PÚBLICO comparou algumas das sondagens e resultados dos partidos eleitos.

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LUSA/ANTONIO COTRIM

A noite eleitoral de domingo surpreendeu alguns analistas com a eleição do candidato Francisco Guerreiro pelo partido Pessoas–Animais–Natureza (PAN), apesar de algumas das sondagens realizadas nas semanas de campanha eleitoral admitirem — com timidez — a eleição do candidato. Mas quanto acertaram ou erraram as sondagens da última semana? O PÚBLICO comparou algumas das principais sondagens com os resultados eleitorais do último domingo em relação aos partidos eleitos.

As sondagens analisadas nesta comparação foram recolhidas em diferentes datas e feitas a diferentes eleitores, pelo que os seus resultados podem reflectir a influência dos diferentes momentos da campanha eleitoral. Destaca-se ainda que o trabalho de campo da sondagem ICS/ISCTE terminou mais cedo do que as restantes sondagens apresentadas, mais precisamente a 12 de Maio. Ainda assim, é possível fazer algumas leituras.

Uma das primeiras conclusões é que todas as sondagens davam preferência ao Partido Socialista (PS), o que se verificou no último domingo. Os socialistas conquistaram 33,4% dos votos.

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Segue-se o PSD, que conquistou menos votos no domingo do que aqueles que as sondagens previam, sendo que a sondagem que mais se afastou do resultado foi a da Sondagens ICS/ISCTE, que estimava aproximadamente 28% dos votos para os sociais-democratas.

Todas as sondagens apostavam no Bloco de Esquerda como terceiro partido mais votado, o que se confirmou no último domingo, com 9,8% dos votos. As quatro sondagens antecipavam um valor aproximado, sendo que nenhuma delas atribuía ao Bloco de Esquerda menos de 9% dos votos.

Uma das sondagens, a da Aximage, admitia até a eleição de três deputados pelo Bloco de Esquerda. Apesar de ter conseguido duplicar a votação obtida nas últimas europeias, em 2014, o Bloco ficou-se pela eleição de dois deputados: Marisa Matias e José Gusmão.

Segue-se a coligação CDU, que também conquistou menos votos do que todas as sondagens apontavam, ainda que a variação não tenha sido significativa. O mesmo aconteceu com o CDS, que em todas as sondagens tinha mais de 6,7% dos votos e em duas das sondagens chegou aos 8%. No domingo os centristas não passaram os 6,2%. Visivelmente constrangido aquando a revelação dos resultados das urnas, o cabeça de lista pelo CDS, Nuno Melo, assumiria a responsabilidade pessoal por não ter conseguido que o partido atingisse o objectivo de eleger um segundo eurodeputado.

O partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) foi aquele no qual menos sondagens acertaram, apesar de a TSF destacar essa possibilidade na sua análise. ​Não obstante, em todas as sondagens, a percentagem de votos nunca ultrapassou os 3,3%. O PAN conquistaria 5,1% dos votos dos eleitores tornando-se num dos vencedores da noite.

As apostas ao lado

A sondagem revelada pelo PÚBLICO e executada pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica Portuguesa — CESOP/UCP, também para a RTP, admitia que o partido Aliança poderia eleger um deputado, Paulo Sande. A mesma sondagem acreditava que o CDS elegeria dois deputados.

Ambos os cenários não se verificaram. Apesar de ambicionar eleger dois eurodeputados, o Aliança ficou aquém dos votos necessários para enviar Sande para Bruxelas. E o CDS só conseguiu eleger Nuno Melo.

Notícia corrigida: Onde se lia ISCTE/IUL lê-se agora Sondagens ICS/ISCTE. No gráfico, onde se lê que o resultado eleitoral do PSD foi de 22,2% deve ler-se que foi 21,9%.

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