João Lourenço vai enviar delegação para entregar restos mortais de Savimbi

Encontro entre o Presidente angolano e o líder da UNITA desbloqueou o impasse e o programa das cerimónias segue como previsto, com o funeral sábado no Andulo. João Soares é um dos convidados das exéquias.

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O Presidente João Lourenço enviou um avião ao Huambo para trazer Isaías Samakuva PHILIPPE WOJAZER/EPA

O encontro desta quinta-feira entre o Presidente angolano, João Lourenço, e o líder da oposição, Isaías Samakuva, acabou com uma decisão que permite à UNITA poder enterrar no sábado, dia 1 de Junho, como previsto, os restos mortais do seu fundador, Jonas Malheiro Savimbi.

Segundo disse ao PÚBLICO Adalberto da Costa Júnior, chefe da bancada parlamentar do Galo Negro na Assembleia Nacional, o Governo vai enviar esta sexta-feira de Luanda uma delegação que procederá à entrega formal no Andulo da urna com as ossadas do líder histórico da UNITA que, 17 anos depois, vai finalmente ser sepultado no cemitério da família na aldeia do Lopitanga, junto ao Andulo, na província do Bié.

A entrega formal da urna será feita ainda na sexta-feira de manhã à comissão nacional das exéquias liderada pelo deputado Ernesto Mulato, vice-presidente da UNITA, e composta pelos três filhos do fundador do partido, Rafael Massanga Savimbi, Durão Savimbi e Kanganjo Savimbi e um sobrinho, Maurílio Luiele.

Adalberto da Costa Júnior acrescentou que estava marcada para a noite desta quinta-feira uma vigília no Andulo, com a cerimónia de deposição dos restos mortais de Savimbi a realizar-se no sábado de manhã, no cemitério da família.

Há várias delegações estrangeiras que já confirmaram a sua presença, algumas delas até já chegaram ao Andulo, entre elas está uma delegação portuguesa, que inclui o ex-ministro da Cultura João Soares, amigo de Savimbi. Mas, segundo Ernesto Mulato, também estarão presentes representantes de França, Bélgica, Alemanha, Holanda, Suécia, Estados Unidos e Espanha.

A intervenção de João Lourenço no processo veio depois de receber uma carta urgente, enviada na quarta-feira pelo líder da UNITA. O chefe de Estado mandou um avião ao Huambo para trazer Isaías Samakuva e a sua comitiva a Luanda para uma audiência.

Adalberto da Costa Júnior referiu ao PÚBLICO que o Presidente da República terá agido ao ver “os danos à sua reputação e à sua própria imagem” provocados pelas acções do seu representante nas exéquias, o general Pedro Sebastião, ministro de Estado e chefe da sua Casa de Segurança.

A carta de Samakuva dava conta dos “aspectos mais negativos do processo”, nomeadamente que tinha ficado acordado na comissão tripartida (Governo-UNITA-família) que a urna seria entregue no Luena, onde o corpo de Savimbi estava enterrado desde a morte do fundador da UNITA a 22 de Fevereiro de 2002.

“Depois de termos acompanhado as versões do chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, o general Pedro Sebastião, que deixaram toda a gente escandalizada no país, fica uma preocupação, porque ninguém acredita que seja uma iniciativa de sua total responsabilidade”, acrescentou o deputado da UNITA. Para os dirigentes do partido da oposição, o ministro de Estado estaria a agir de acordo com a vontade do chefe de Estado angolano.

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