Ideias de liberdade

Acreditamos que faz falta a Portugal um clima cultural e intelectual propício a escolhas assentes na liberdade e responsabilidade individuais.

Desde o início de 2016 que a Oficina da Liberdade existe enquanto organização emergente e informal. Após os seus fundadores estarem juntos no lançamento do grupo “Liberalismo em Portugal” no Facebook, por onde passou muita da discussão inicial acerca da re-organização da Direita política no nosso país no quadro da chegada ao poder da “geringonça” e depois de seis edições de tertúlias politico-filosóficas temáticas que decorreram no Porto e Lisboa, esta associação acaba de lançar o livro Juntos, somos quase um 31. Liberais à solta!.

O livro, escrito por 29 autores de diferentes perfis académicos, profissionais e pessoais e até estilos de redacção diversos, materializa no entanto um objectivo simples comum a todos: contribuir para que as ideias e princípios da liberdade floresçam, inspirando todos aqueles que acreditam no potencial do indivíduo.

Acreditamos que faz falta a Portugal um clima cultural e intelectual propício a escolhas assentes na liberdade e responsabilidade individuais. Não é surpresa que tal implica a capacidade de, enquanto nação, deixarmos de olhar para a dependência, mascarada de solidariedade, como sendo uma virtude. De facto, não é. Como indivíduos e membros de um corpo social ao qual chamamos Portugal, deveríamos almejar a liberdade e o direito inalienável a decidirmos o nosso destino. Passar esta mensagem, num contexto cultural em que a execução dos subsídios que recebemos da União Europeia é bandeira política, não é fácil. Portugal não parece estar preparado, por enquanto, para optar por uma estratégia política madura. E é de maturidade que falamos, pois a capacidade de gerir o próprio destino é apanágio de adultos. O que implica, por maioria de razão, que esta obsessão política em ‘executarmos bem’ as esmolas que recebemos da União Europeia é de uma infantilidade constrangedora.

A defesa da liberdade nas suas mais diversas dimensões, promovendo os princípios do Liberalismo, tais como a 'rule of law’, o capitalismo, a concorrência, o livre comércio, a propriedade privada, o estabelecimento de relações livres entre indivíduos baseadas na ética e moral individuais, bem como o direito dos indivíduos a determinarem o seu destino, é por isso cada vez mais premente. Mais não seja porque vivemos num cenário de ataque sistemático ao indivíduo, de destruição da família, de roubo fiscal e de tentativa de eliminação da opinião livre. No livro que agora lançamos um grupo de ‘quase 31 liberais’ propõe e apresenta uma visão do mundo livre: um mundo em que o indivíduo não é indivídu@ mas aquilo que muito bem entender; em que a família não é uma construção social mas o resultado da organização espontânea da sociedade; em que o trabalho é para produzir riqueza e não para sustentar o Estado. Em resumo: um mundo em que o indivíduo assume, sem medo, o controlo do seu destino e dispensa a ajuda do Estado para educar os filhos que livremente decidiu trazer ao mundo, prefere pagar as suas contas de saúde e é suficiente maduro para poupar, sozinho, por forma a garantir uma reforma digna. Sonhamos com um mundo de gente crescida!

Por isso, os autores deste livro e a Oficina da Liberdade rejeitam a húbris intelectual das certezas e a crença na possibilidade de garantir a ordem social por via legislativa. Desconfiamos do exercício do poder e combatemos a tentativa de criar um mundo novo e ilusoriamente justo, ordenado centralmente por via do poder estatal e seguindo as ideias parvas de um pequeno grupo que não representa a vontade dos indivíduos que alegadamente representa. Não temos medo da liberdade e acreditamos na capacidade dos indivíduos para assumirem os seus próprios destinos e fazerem as escolhas que julgam ser condizentes com os fins que cada um escolheu!

Na Oficina da Liberdade entendemos que o Estado não tem direito a intervir na vida dos indivíduos, sendo que reconhecemos a superioridade moral da defesa das liberdades individuais por contraponto a correntes de pensamento que conduzem a uma vida em sociedade em que alguns se arrogam o direito de determinar o que é melhor para os indivíduos. É também por isso que a actuação da Oficina da Liberdade é independente de qualquer partido, não apoia candidatos eleitorais, nem participa em actividades estritamente partidárias.

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