PS cantou “vitória” nas europeias e ficou a falar sozinho

Maria Manuel Leitão Marques defendeu que a nova solução política para a Europa tem de ser feita com compromisso

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Maria Manuel Leitão Marques está de saída da Assembleia da República. Foi eleita para o Parlamento Europeu no dia 26 de Maio Daniel Rocha

A número dois da lista do PS ao Parlamento Europeu, Maria Manuel Leitão Marques, subiu ao púlpito do plenário da Assembleia da República para celebrar a “vitória” dos socialistas nas europeias e deixou vários recados sobre as campanhas do PSD e do CDS, mas as duas bancadas ignoraram as provocações. De derrota eleitoral nem uma palavra durante as interpelações à deputada.

Na sua intervenção inicial, a deputada do PS defendeu que as europeias foram uma vitória para “quem entende a política como um combate de ideias, e não como um ataque sujo aos adversários e à sua dignidade pessoal”. Maria Manuel Leitão Marques lembrou que a campanha do PS assentou num paralelo entre o querer fazer na União Europeia e o que o Governo “fez bem” em Portugal, “devolver rendimentos com contas certas”. “Outros partidos pediram o contrário, que o Governo visse o cartão vermelho. No domingo quem votou deu a resposta”, afirmou, numa referência aos candidatos do PSD e do CDS.

Numa outra alusão ao social-democrata Paulo Rangel, Maria Manuel Leitão Marques lembrou que venceu as eleições quem procurou novas soluções e “não se conformou pragmaticamente com sanções”.

A ex-ministra da Presidência e da Modernização Administrativa também salientou as eleições europeias de domingo como a “vitória da democracia” e da “União Europeia”, que “continua a reunir o apoio da maioria das forças políticas que o têm suportado”.

Nas interpelações à socialista, os deputados do PSD, CDS, BE e PCP felicitaram o PS pelo resultado (e pela eleição da oradora), mas preferiram escolher os outros aspectos da sua intervenção e ignorar as perdas do centro-direita e dos comunistas.

À direita, a vice-presidente da bancada do PSD Rubina Berardo questionou a deputada socialista sobre a “exportação da ‘geringonça'” para a Europa. Sem se referir aos resultados do seu partido (que elegeu mais um eurodeputado), Pedro Filipe Soares, líder da bancada do BE, ainda que num tom muito suave, quis saber se há intenção do primeiro-ministro de incluir os liberais europeus na formação de uma nova maioria na União Europeia. 

Maria Manuel Leitão Marques procurou contrariar a ideia de que nesta nova maioria está apenas o Presidente francês, Emmanuele Macron, lembrando que ela também inclui o Syriza, do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras. A socialista respondeu que “a solução deve ter a flexibilidade suficiente para encontrar na União Europeia a geometria e o equilíbrio que assegure o essencial”. E rematou: “Ora, isso tem de fazer-se com compromissos. Não há outra forma”.

Tanto o comunista António Filipe como o democrata-cristão Nuno Magalhães colocaram em dúvida a “vitória da democracia”, quando há quase 70% de abstenção. O líder da bancada centrista disse mesmo que a maior parte dos eleitores, perante “a democracia e a praia, preferiram a praia ou ficar em casa”, questionando também as negociações “pouco visíveis” que estão a decorrer em Bruxelas no novo quadro político europeu.

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