Governo estuda regime de saúde militar voluntário, como na ADSE

Ministério da Defesa pondera as sugestões do Tribunal de Contas na auditoria de Fevereiro ao Instituto de Acção Social das Forças Armadas.

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Gomes Cravinho esta terça-feira numa reunião em Luanda LUSA/AMPE ROGÉRIO

O Governo estuda a possibilidade da Assistência na Saúde aos Militares (ADM) seja voluntária e se aproxime do regime da ADSE, dos funcionários e aposentados do Estado. Em despacho de 21 de Maio, o ministro da Defesa Nacional estabelece que em três meses a Plataforma, que reúne responsáveis do seu Ministério, do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas e das chefias dos ramos, se pronuncie sobre as recomendações da auditoria do Tribunal de Contas (TdC) ao Instituto de Acção Social das Forças Armadas (IASFA).

O ponto central é a inscrição voluntária na ADM dos deficientes das Forças Armadas e, quando inscritos, clarificada a base da incidência do respectivo desconto. Do mesmo modo, visando a aproximação dos regimes dos subsistemas ao da ADSE e o seu auto financiamento com base nos descontos, é admitida a eliminação da obrigatoriedade de inscrição na ADM.

A conjugação destas duas medidas, sugeridas pelo TdC, diminui o universo de utentes, como já foi seguido em 2010 quando foi eliminada a obrigação de inscrição na ADSE, o que causou polémica sobre a sustentabilidade daquele sistema. O pedido do estudo de Gomes Cravinho não esquece a sensibilidade desta questão e, se vierem a ser propostas alterações legislativas, as associações militares serão consultadas.

Como outros subsistemas públicos de saúde, a ADM suporta com os descontos dos trabalhadores e beneficiários os encargos. Das receitas do Orçamento de Estado, estabeleceu a auditoria, o financiamento em 2017 foi de 20 milhões, quando a despesa foi de 27,7 milhões.

Donde, a saúde militar apresentou custos superiores aos da ADSE, por os seus beneficiários descontarem menos - 458 euros face a 473 -, tendo o custo médio de beneficiário ter sido superior em 62% na ADM face à ADSE, 700 euros versus 433. Pelo que, nas contas do TdC relativas a 2017, o fundo patrimonial da ADM era de 35 milhões de euros negativos, e a dívida aos prestadores de cuidados de saúde era então de 69 milhões de euros, equivalente a 91% do passivo.

Esta situação, dizem os militares, decorre do IASFA fazer a gestão do seu subsistema de saúde, numa opção aceite pelas chefias mas que as associações contestam. O facto de na próxima semana ser entregue ao ministro da Defesa Nacional o estudo sobre a Saúde Militar encarregue a Ana Jorge, antiga ministra da Saúde de José Sócrates e uma das subscritoras do recente manifesto em favor do Serviço Nacional de Saúde (SNS), preocupa estes sectores das Forças Armadas. O objectivo do trabalho da ex-ministra é propor medidas sobre o modelo de organização, avaliar as capacidades do Hospital das Forças Armadas quanto aos indicadores de eficiência, sustentabilidade e interacção com o SNS. 

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