O Texas em todo o seu esplendor

É por aqui que vai a América de Trump, o homem que nega as alterações climáticas porque há nevões e onde uma governadora entende que uma criança nascida de uma violação é uma prenda de Deus.

A Terra, a nossa casa, mesmo para os que a não têm, tão mal-amada nestes dias pelos desgovernos de homens e mulheres que se guiam cegamente pelo lucro, começa a ser um lugar perigoso para se viver.

O homem das Torres de Nova Iorque e dos campos de golfe em Miami está a acelerar o caminho da América para um tempo de obscurantismo. Não é só ele. São os que cavalgam a crise geral que atinge a Humanidade e o próprio planeta. Os que pregam a violência contra todos os seres mais frágeis. Ele e Bolsonaro, entre outros, alimentam-se de ódio. Por isso pregam a venda de armas para os “bons” matarem os “maus”.

O mundo está a transformar-se num imenso ringue. Só os muito ricos sobreviveriam, nesta lógica.

O Texas foi sempre um lugar perigoso, onde na adolescência, no início dos anos sessenta, os nossos heróis perseguiam bandidos sem alma. Terra de “sheriffs” e cowboys que matavam quem se atravessasse no seu caminho. Terra de morte. Terra, como a de outros Estados, em que os autóctones foram dizimados como coelhos pelos forasteiros vindos da Europa; sendo os que hoje erguem muros para que ninguém entre na terra de que se apoderaram à lei da bala.

No Texas, a Câmara dos Deputados tem em mãos um projeto de lei que passará a proibir o aborto, independentemente do tempo do feto. Atualmente, neste Estado o aborto é permitido até às 20 semanas de gravidez. Porém, o autor do projeto, Tony Tinderholt, entende atribuir aos fetos os mesmos direitos que a uma criança, o que significará a possibilidade de incriminação da mãe, pessoal médico e de enfermagem pela prática do crime de homicídio cuja moldura penal vai até à pena de morte.

Este projeto de lei, ao dar uma identidade jurídica ao embrião, poderá permitir esse salto na criminalização das mulheres que abortem. O mesmo está sucedendo no Estado da Georgia, onde se estuda o alargamento do estatuto jurídico do embrião, equiparando-o ao do feto.

Em 28 Estados dos EUA têm vindo a ser introduzidas limitações à possibilidade de interromper a gravidez.

Este projeto, Lei HB 896, como o que ocorre no Estado do Alabama, não admite a interrupção da gravidez, mesmo nos casos de violação ou incesto. Uma mulher vítima de uma violação terá de dar à luz, pois segundo a governadora, a republicana, Kay Ivy, ”toda a vida é uma prenda de Deus”...

É por aqui que vai a América de Trump, o homem que nega as alterações climáticas porque há nevões... e onde uma governadora entende que uma criança nascida de uma violação é uma prenda de Deus...

O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

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