“Isto não foi uma derrota”, manda dizer Macron - mas Le Pen cantou vitória

Extrema-direita ganhou por pouco em França, mas líder da União Nacional, que se junta à aliança de Matteo Salvini, pediu a “dissolução da Assembleia Nacional.”

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"É uma vitória do povo", disse Marine Le Pen CHRISTOPHE PETIT TESSON/EPA

Emmanuel Macron varreu França e a Europa como uma lufada de ar fresco em 2017, cortando o avanço eleitoral da extrema-direita de Marine Le Pen. Mas a promessa não foi cumprida e, dois anos depois, Le Pen saboreou a vingança: os seu 23% foram menos do que teve nas europeias de 2014, mas ainda assim suficientes para bater Macron, que teve 22%.

Para a líder da União Nacional (que não foi candidata nestas eleições), foi o suficiente para apelar à dissolução do Parlamento. Pôs a correr a hashtag “vitória do povo” e desafiou Macron. “Perante o repúdio democrático que sofreu esta noite, compete ao Presidente da República tirar as consequências. Não há outra hipótese que não seja dissolver a Assembleia Nacional”, declarou.

Le Pen junta-se à nova aliança promovida pelo italiano Matteo Salvini no Parlamento Europeu.

Através de um comunicado do Palácio do Eliseu, Macron lamentou não estar à frente, mas fez saber que, na sua opinião, “isto não foi uma derrota”. O seu primeiro-ministro, Édouard Philippe, foi um pouco mais comedido. “Quando se termina em segundo lugar, não é possível dizer que se ganhou”, afirmou, citado pela Europe 1.

As duas listas apresentadas por figuras ligadas aos “coletes amarelos” não singraram. Cada uma não mobilizou mais que 0,5% dos eleitores, avança o Le Monde.

Um partido que sai feliz destas eleições em França é a Europa Ecologia-Os Verdes, que registou uma forte subida em relação a 2014. Por um lado, participa na vaga transversal em toda a Europa favorável aos partidos ecologistas. E por outro, beneficia da ideia de que Macron não prestou atenção aos temas do ambiente durante os dois anos que leva de mandato.

“Os eleitores de esquerda desapontados por Emmanuel Macron provavelmente votaram em Yannick Jadot [líder dos Ecologistas]. É provável que o candidato tenha sabido seduzir os jovens fortemente mobilizados contra o aquecimento global e a apatia dos seus pais”, disse a editorialista do Le Monde Françoise Fressoz. “Mas Jadot é tão europeu como o Presidente. Será interessante ver se os seus partidos farão alianças no Parlamento Europeu para fazer avançar a causa ambiental”, concluiu.

O jogo de alianças no Parlamento Europeu é aquilo que mais interessa a Macron – apostado que está em influenciar a seu favor a escolha dos próximos líderes das instituições europeias, nomeadamente o presidente da Comissão Europeia. O seu objectivo é a formação de uma nova aliança das forças progressistas, com os socialistas e os liberais – e talvez os Verdes possam entrar neste jogo também.

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