A dupla luta por Madrid nas eleições regionais e locais

O PSOE, favorito em muitas das comunidades, tenta ultrapassar a direita na comunidade de Madrid e a esquerda na autarquia da capital.

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Pedro Sánchez no encerramento da campanha em Madrid JuanJo Martín/EPA

O Partido Socialista (PSOE), que venceu as legislativas do mês passado em Espanha, era o favorito nas eleições locais e regionais que se realizam neste domingo, a par com as europeias, em Espanha - mas a fragmentação política que foi a marca das legislativas e deixou o PSOE um vencedor sem maioria, deve repetir-se.

Todos os olhos estão postos em Madrid, dizia o diário espanhol El País. E o PSOE apostou forte na capital, onde o primeiro-ministro, Pedro Sánchez, começou e terminou a campanha, e esteve na comunidade autónoma um total de seis vezes desde 13 de Maio.

O PSOE ficou, em 2015, muito perto de conseguir tirar o Governo regional ao Partido Popular (PP, centro-direita), que o ocupa há 24 anos, mas já de madrugada a contagem deu um lugar extra aos conservadores, permitindo-lhes reivindicar a presidência com o apoio de Cidadãos (direita). O bloco de esquerda PSOE-Podemos-Esquerda Unida falhou porque o último não conseguiu representação no parlamento da comunidade autónoma.

Sánchez aposta agora forte na tentativa de conseguir, junto com outras forças de esquerda, dar este golpe aos conservadores, cuja candidata é Isabel Díaz Ayuso, ex-jornalista que geriu a campanha de Cristina Cifuentes, a presidente que se demitiu depois de ter sido revelado o seu mestrado fraudulento (e o furto de um creme num supermercado).

Díaz Ayuso fez uma série de declarações polémicas, por exemplo que “um concebido não nascido possa contar como nascido”, ou que o Podemos "dará as vossas casas de férias aos seus amigos okupas”, e que se o partido de esquerda chegasse ao poder na comunidade autónoma “acabariam as filas de trânsito”, que são “marcas de identidade da cidade”. Disse ainda que defende mulheres que trabalham “uma semana depois de dar à luz”, um tipo de mulher preferível às “de esquerda, que se vitimizam”.

Por seu lado, Pedro Sánchez tem também apelado a eleitores conservadores que desconfiem do partido de extrema-direita Vox, sublinhando o perigo de que o bloco de direita possa ter de recorrer aos radicais para ter a maioria no executivo regional.

O Vox, que ganhou os primeiros representantes regionais nas eleições antecipadas na Andaluzia em Dezembro, já disse que não voltará a apoiar um governo minoritário para o qual não seja convidado a participar. 

Se na comunidade autónoma de Madrid o desafio para o PSOE é a direita, na autarquia o desafio é a esquerda: a presidente da câmara, Manuela Carmena, está segundo as sondagens bem posicionada para ganhar apoiada por uma lista de esquerda. A antiga juíza é ainda ajudada pela integração de Íñigo Errejón, um dos fundadores do Podemos, na sua lista. Errejón saiu do partido na sequência do seu apoio a Carmena – Pablo Iglésias decidiu que o partido apresentaria uma candidatura própria.

Se todos os olhos estão em Madrid, em Barcelona a corrida parece estar mais taco-a-taco entre a actual presidente da câmara, Ada Colau, e o separatista da Esquerda Republica da Catalunha (ERC) Ernest Maragall. Na corrida está o antigo primeiro-ministro francês Manuel Valls, que lidera uma lista apoiada pelo Cidadãos - nas sondagens aparece apenas em quarto lugar.

Em Barcelona há apenas eleição local e não para a comunidade, que já teve eleições em Dezembro de 2017 após a convocação do referendo à independência que Madrid considerou ilegal e da aplicação do artigo 155 pelo governo central).

Enquanto Colau tem mantido o foco nas políticas para a cidade e em questões como “a desigualdade, o direito à energia e à água, e progresso contra a poluição para tornar este lugar melhor para toda a gente”. Já Maragal – cujo líder do seu partido, Oriol Junqueras, está a ser julgado por rebelião em Madrid – apresentou-se a votação como uma escolha entre “a monarquia espanhola ou a república catalã”.

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