CDU vai propor que comparticipação nacional para projectos com fundos europeus não conte para o défice

Numa arruada em Gondomar, João Ferreira salientou que o concelho da área metropolitana do Porto é o exemplo da falta de aposta na mobilidade urbana e criticou os eurodeputados do PS que votaram contra as propostas de alteração da CDU aos regulamentos dos fundos europeus que permitiriam usar aqui verbas comunitárias.

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LUSA/HUGO DELGADO

A CDU vai propor que as verbas que o país investe na sua quota de contrapartida nacional dos projectos apoiados por fundos comunitários não sejam contabilizadas para apuramento do défice das contas públicas. O anúncio foi feito nesta quinta-feira por João Ferreira, durante uma arruada no centro de Gondomar.

A ideia é que não faz sentido que a União Europeia imponha quotas cada vez mais elevadas de co-financiamento nacional e depois ainda penalize Portugal ao obrigar a que tudo o que é investimento seja considerado despesa para efeitos de contabilização do défice. Isso faz com que o Governo aperte critérios e dificulte o andamento de projectos, de forma a minimizar a despesa e consiga assim cumprir as metas impostas por Bruxelas para o défice anual.

Para o próximo quadro de apoio o Parlamento Europeu, com os votos de PS, PSD e CDS, está a propor que seja aumentada a taxa de co-financiamento nacional para as regiões de transição, que é actualmente de 20% - sendo a europeia de 80% -, baixando a europeia para 65%, enquanto a Comissão Europeia quer que seja reduzida mesmo até aos 55%.

Na rua, em Gondomar, João Ferreira salientou os problemas de mobilidade do município, já que é o único concelho da área metropolitana do Porto que, apesar de ser servido pelo metro, este não tem ligação à sede do concelho. “É um exemplo de como é preciso avançar em investimentos na mobilidade urbana e de como é preciso adaptar os regulamentos dos fundos estruturais às nossas necessidades de investimento”, afirmou o candidato, vincando que os eurodeputados da CDU fizeram propostas de alteração a todos os regulamentos de todos os programas de apoio comunitário.

E fez questão de responder a António Costa: “Não somos uma força de protesto, mas uma força que constrói e as nossas propostas demonstram-no. Ao contrário dos deputados do PS, que estiveram lá não a construir mas a destruir porque votaram contra, alinhados com a lista de voto do seu grupo mas desalinhados com o interesse nacional.” Por isso, a acusação do secretário-geral do PS “pode lavar a consciência [do PS]… mas só dá para isso”.

O palhaço Mix, a boa sorte e a primeira crítica directa à comunicação social

Nas ruas de Gondomar, João Ferreira foi guiado por Daniel Vieira, ex-presidente da CDU da União de Freguesias de Fânzeres e São Pedro da Cova e actual vereador na câmara. Entrou no comércio quase porta sim, porta sim, escolhidas a dedo (e abertas) por Vieira, da ortopedia à loja de animais, da contabilista à loja de roupa.

Até que a comitiva de largas dezenas de apoiantes passa em frente ao talho. À porta, o Palhaço Mix, como se intitula enche mecanicamente saquinhos de pipocas - é um mimo do talho para os clientes às quintas-feiras, mas ganha também quem só por ali passa. Óculos vermelhos gigantes, cara pintada, roupa colorida, uma empatia de fazer inveja e um sotaque arreigado. De uma coluna de som vai saindo música brasileira ou de arraial. “Ai eu atiro-me a ele/ e dou um esfrega nele”.

João Ferreira estende-lhe um panfleto sobre os candidatos e as propostas da CDU, o palhaço lança umas piadas, o candidato ri-se, faz uns comentários. Mix pega no papel e guarda-o por cima da máquina das pipocas. De manhã já por ali tinham passado os socialistas.

Sem se desmanchar sobre preferências, o Palhaço Mix, na verdade Sérgio Oliveira, vai dizendo que isto das campanhas é tudo “uma palhaçada”, que acha que “cada um vota por si” e o que é preciso é menos impostos, a luz, a água e o gás mais baratos, dar “mais atenção aos idosos e às crianças”. “E temos que pensar no ambiente, que este planeta está cada vez pior e já não tem emenda”, defende. Ah sim? Então mas está a usar sacos de plástico para as pipocas... Ri-se, apanhado na contradição.

Mais abaixo na rua, já a chegar à praça de táxis e ao jardim onde irá mais uma vez apelar ao voto e à mobilização, o cabeça de lista da CDU encontra quatro mulheres à espera do autocarro à sombra. Uma queixa-se que está desempregada: “Tenho 53 anos, sou velha para trabalhar e sou nova para a reforma. Como é que eu como??” Ferreira replica que há realmente muita gente nova que também quer trabalhar e não arranja emprego. “Boa sorte!”, respondem-lhe as mulheres sobre as eleições. “Eu agradeço a sorte, mas a gente precisa é de votos no domingo!”, vira-se João Ferreira.

À sombra das árvores do parque, João Ferreira falou do trabalho feito no Parlamento Europeu e da falta dele no caso dos deputados do PS e da direita - por isso agora não se querem comprometer com medidas e políticas pelas quais se irão bater. O candidato haveria de, pela primeira vez na campanha, queixar-se do pouco “reflexo" da CDU na comunicação social. E deixar uma crítica aos que dizem que a CDU só anda em zonas onde tem grande influência. Perante a centena de pessoas que com ele desfilou, puxou da ironia: “É um bastião da CDU não tarda nada...”

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