Portugal pronto para repetir Riade três décadas depois

Geração de 1999 estreia-se no sábado no Mundial de sub-20, disposta a fazer o pleno, depois da conquista de dois Europeus.

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FPF

Portugal cumpre amanhã (14h30, RTP1), em Bielsko-Biala, no sul da Polónia, frente à vice-campeã asiática, a Coreia do Sul, a 12.ª presença em 22 fases finais do Campeonato do Mundo do escalão sub-20. O evento arrancou ontem com as vitórias de Itália (finalista vencido pelos portugueses no Europeu da Finlândia 2018) e do Senegal, que apontou o golo mais rápido de sempre, em apenas nove segundos. 

Três décadas depois da conquista do primeiro título de campeão do mundo, então com Hélio Sousa entre os “heróis” de Riade, o agora seleccionador vai tentar conquistar o terceiro Mundial da categoria para Portugal. Tarefa sempre complexa, ainda que facilitada, em tese, pelas ausências de Inglaterra (campeã em título no Coreia do Sul 2017), Brasil (recordista de participações e pentacampeão, que em 2011 venceu Portugal na final colombiana) e Alemanha, trio de candidatos que falham o Polónia 2019. 

A Sérvia, vencedora em 2015, e o Gana (única selecção africana a sagrar-se campeã mundial, em 2009) também estão ausentes. Mas em “compensação” a selecção das quinas enfrenta a hexacampeã mundial Argentina, no Grupo F, tendo encontro marcado com a “albiceleste” (que não vence há seis edições, num total de 12 anos) no segundo encontro da fase de grupos. Facto que obriga Portugal a entrar forte, pois precisa de garantir um dos dois primeiros lugares para marcar presença nos oitavos-de-final da prova. 

Em última análise, num cenário de todo improvável (só no Austrália 1993 se ficou pela fase de grupos), Portugal poderia ainda apurar-se para a fase seguinte como um dos quatro melhores terceiros classificados dos seis grupos desde ontem em competição. 

Apesar de não contar com Domingos Quina, médio do Watford, lesionado, nem com a “jóia da coroa” do Benfica — uma vez que João Félix foi “promovido” aos AA na sequência da convocatória para a Liga das Nações —, Portugal apresenta-se com a mesma ambição que caracteriza uma equipa de campeões e que levou a geração de 1999 a conquistar os Campeonatos da Europa de sub-17 (Azerbaijão 2016) e sub-19 (Finlândia 2018), feito inédito que reforça as pretensões da equipa comandada por Hélio Sousa. 

No plano teórico, traçando um paralelo com o desempenho no Europeu sub-19, os italianos apresentam-se igualmente como fortes candidatos, mesmo sem Zaniolo (Roma) e Kean (Juventus), que tal como João Félix foram chamados à selecção principal. Nestas contas sobra ainda a França (vencedora em 2013), mesmo que Portugal seja apontado como um dos favoritos, como fez questão de sublinhar Chung Jung-Yong, seleccionador sul-coreano, na antevisão do primeiro desafio. 

“Portugal é uma das melhores equipas da Europa. A Argentina está entre as melhores da América do Sul... e nós da Ásia”, comparou, feliz por estar na grande montra do futebol jovem. “Portugal é muito forte. Tem jovens com excelente técnica e uma grande experiência a este nível. São todos de altíssimo nível, muitos deles titulares em equipas de topo na Europa”, enfatizou.

Florentino quer ir longe

Um dos campeões da gesta de 1999, Florentino Luís está mentalizado para conseguir o pleno com nova conquista, agora ao serviço dos sub-20. As peripécias da viagem para a Polónia e os condicionalismos que envolvem treinos em sintéticos não abalam a confiança do jovem benfiquista, que aproveita para elogiar o companheiro João Félix e para lembrar que não será por actuar na equipa principal das “águias” que vai julgar-se especial. 

“O passado traz responsabilidade e obriga a trabalho redobrado. Não é por me ter estreado a titular no Benfica que me sinto melhor ou superior aos outros”, prosseguiu num discurso com o mesmo grau de maturidade que evidencia em campo. “Queremos manter o nível e vamos fazer tudo para começar o campeonato da melhor maneira”, declarou o médio, ciente da qualidade da selecção portuguesa.

“Esta equipa tem capacidade para chegar longe. A chamada do Félix prova a qualidade desta geração”, acrescentou, aconselhando o amigo a desfrutar da oportunidade. Num torneio que tem funcionado como trampolim para os jovens talentos, Florentino deixou, porém, uma ressalva. “Sabemos que sem os nossos colegas não conseguimos nada”.

O primeiro dia do Mundial terminou com um 2-1 da Itália ao México, um 3-0 do Senegal ao Tahiti — com um hat-trick de Amadou Sagna —, um 1-1 entre Japão e Equador e uma derrota da anfitriã Polónia ante a Colômbia (0-2). Amanhã, é a vez de Portugal entrar em cena.

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